Nampula: restrições de água

Nampula: restrições de água – A cidade de Nampula, oficialmente considerada a terceira maior de Moçambique, situada na região Norte do país, está de novo a viver momentos de restrições no abastecimento de água potável para o consumo humano, com a agravante de que piores dias ainda estão por vir, de acordo com o próprio provedor do vulgo “precioso líquido”.

Oficialmente, esta situação é, por enquanto, resultante da redução da capacidade de encaixe da barragem sobre o Rio Monapo, que fornece água à urbe também conhecida por “capital do Norte” de Moçambique.

Basicamente, as restrições visam acautelar uma eventual crise severa no abastecimento deste líquido.

Carlitos Omar, director da Administração Regional de Águas do Norte (Ara-Norte), fez saber que esta medida, com efeitos a partir do corrente mês, será faseada, e as próximas etapas serão colocadas em marcha nos meses de Setembro e Outubro próximos.

Presentemente, a capacidade de fornecimento de água à cidade de Nampula é de quatro milhões de metros cúbicos, quantidade considerada “exígua” para dar resposta à demanda dos consumidores, que segundo censo populacional de 2017, na cidade de Nampula vivem pouco mais de 743 mil pessoas (743125 habitantes).

Sofrimentos à espreita 

Face a este cenário, os munícipes de Nampula têm sido vistos a percorrer longas distâncias à procura de água, enquanto outros optam por recorrer a meios alternativos, buscando ou abrindo furos tradicionais e/se abastecendo em riachos, sobretudo para a higiene.

Carlitos Omar fez saber que para incrementar o volume actual de fornecimento de água à cidade, está em curso o projecto de abertura de dez furos de água com capacidade estimada em cerca de 6.600 metros cúbicos por dia, na zona de Namiteca, no bairro de Muahivire.

Com a operacionalização destes furos, prevê-se o aumento de volume do precioso líquido, em cerca de 20% da capacidade de produção de água em Nampula, reduzindo de certa forma a pressão sobre o sistema de abastecimento de agua bombeada a partir da barragem principal.

Mesmo com estes esforços, segundo soube o jornal Redactor, os furos não serão suficientes para resolver o problema de abastecimento de água à cidade, o que significa que a crise de água ainda não tem solução à vista, segundo sustentou Mateus Saeze, delegado do FIPAG em Nampula.

Maus sinais à visa, segundo INAM

Como se não bastasse o triste quadro que se vive nos dias que correm, o Instituto Nacional de Metrologia em Nampula (INAM) prevê a ocorrência de seca nos dias futuros, como consequência da escassez de chuvas na próxima época, facto que poderá agravar a crise de água na “capital do Norte”.

Num esforço para mitigar o drama, o FIPAG investiu em tanques móveis, instalados em locais estratégicos, um pouco por todos os bairros periféricos da cidade de Nampula, projecto este visto como um balão de oxigénio, mas para a tristeza os mesmos estão a ser alvos de vandalização, retirando as torneiras para fins ainda desconhecidos, acção protagonizada por indivíduos de má-fé, o que de certa forma, retarde todo esforço levado a cabo pelos gestores desta empresa.

“Há indivíduos de má-fé que vandalizam nossos equipamentos. Estamos a falar de tubos que facilitam o processo de distribuição de água às comunidades de Nampula”, ajuntou a fonte.

O governador de Nampula Manuel Rodrigues, num passado não distante visitou a barragem de Mujica, localizada no Posto Administrativo de Netia, distrito de Monapo, também apontada como alternativa no bombeamento de água à cidade capital, onde confrontou-se com um volume considerável de água, mas os custos para expansão da respectiva rede são onerosos, e acima das capacidades do seu Executivo.

Já há consumidores se queixando do facto de mesmo com as actuais restrições as facturas emitidas pelo FIPAG não registarem redução.

Escassez de água em contexto de covid-19

Por outro lado, a crise no abastecimento de água em Nampula, surge numa altura em que os casos da covid-19 tendem aumentar em Moçambique, onde a higienização através da lavagem das mãos, são algumas recomendações prioritárias das autoridades sanitárias.

O bairro de Marrere, por exemplo, vive num clima de total falta de água, situação que se arrasta há cerca de três meses.

Para além dos residentes desta circunscrição territorial, a situação em curso, está a afectar de forma negativa o pleno funcionamento do Hospital Geral de Marrere.

Falta de colaboração na provisão de água potável.

AIMAR MALEMA, correspondente em Nampula

Este artigo intitulado “Nampula: restrições de água” foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 12 de Agosto de 2021.

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