Não há comida nos hospitais

A falta de comida nos hospitais em Moçambique revela não apenas a precariedade dos serviços de saúde, mas também a falência do sistema público em garantir o mínimo de dignidade aos cidadãos que mais necessitam. 

Quando os hospitais, que deveriam ser espaços de cura e recuperação, tornam-se ambientes de privação, onde doentes e acompanhantes precisam se preocupar com a alimentação básica, a crise se aprofunda em níveis alarmantes.

Esse cenário agrava as condições de saúde dos pacientes, muitos dos quais já se encontram debilitados por doenças graves e incapazes de arcar com os custos da sua própria alimentação enquanto estão internados. 

A responsabilidade do Estado em fornecer uma rede de cuidados adequados é negligenciada, e as consequências são desastrosas, especialmente para as populações mais vulneráveis. A falta de refeições nos hospitais não pode ser tratada como um problema isolado; é um sintoma de uma gestão falha e de prioridades mal alocadas.

O contexto de austeridade e má administração dos recursos públicos em Moçambique contribui diretamente para essa realidade. Os orçamentos destinados à saúde são insuficientes, frequentemente desviados para outros fins ou consumidos pela corrupção endêmica. 

Enquanto isso, as elites políticas vivem uma realidade distante, beneficiando-se de tratamentos médicos no exterior, contrastando fortemente com o desespero e o sofrimento da população comum que depende do sistema público.

A falta de comida nos hospitais não é apenas uma questão de logística ou de cortes orçamentários. É uma violação dos direitos humanos básicos, como o direito à saúde e à dignidade. 

Sem uma intervenção eficaz e mudanças estruturais no sistema de saúde moçambicano, o ciclo de privação e abandono continuará a afetar milhares de pessoas, perpetuando a desigualdade e comprometendo o futuro do país.

A situação exige uma resposta urgente e abrangente, tanto do governo quanto da sociedade civil, que deve pressionar por mais transparência, maior investimento no setor e a responsabilização dos gestores públicos. Afinal, um país que não cuida dos seus doentes é um país que negligencia o seu próprio futuro.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

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