Negada caução a Chang
Negada caução a Chang – O antigo ministro das Finanças e actual deputado da Assembleia da República de Moçambique, Manuel Chang, vai continuar detido na África do Sul, enquanto prosseguem diligências para decidir sobre se vai extraditado para os Estados Unidos da América ou recambiado para o país natal, conforme decisão da juíza sul-africana, Sagra Subrayon.
Desta forma a juíza negou o pedido da caução solicitado pela defesa do réu, constituído por um grupo de causídicos sul-africanos tidos como dos mais caros daquele país vizinho de Moçambique.
A sessão desta sexta-feira teve a particularidade de contar com novos protagonistas: um grupo de moçambicanos pertencentes ao Khulumane Support Group, que em pleno tribunal exibia cartazes exigindo a manutenção de Manuel Chang na prisão sul-africana.
Ao longo de toda a sessão desta sexta-feira Sagra Subrayon praticamente ridicularizou os esforços de Chang e seu colectivo de defesa, ao ponto de mesmo antes de anunciar o veredicto se tornar clara para quase todos qual seria o deslinde da sua oração.
Sagra Subrayon comentou, a dado passo, que Chang não colaborou com o tribunal ao tentar dar a entender que vive de posses modestas quando na realidade possui saldos bancários gordos em diversos bancos do mundo.
Comentou, ainda, de forma entediada o facto de Chang ter, inclusivamente, se “fechado” para os seus advogados no que a sua real capacidade financeira tange, ao acenar com uma proposta de 200 mil randes de caução, montante considerado “irrisório” tendo em conta os saldos disponíveis em numerosos bancos.
A decisão de manter Chang nos calabouços aconteceu um dia depois de em Moçambique terem sido efectuadas as primeiras cinco detenções de alegados implicados no calote de 2.2 mil milhões de dólares norte-americanos que precipitaram o país para a pior crise financeira desde que há registos nacionais.
Efetivamente, no chamado “Dia dos Namorados” as autoridades moçambicanas detiveram Gregório Leão e António do Rosário, antigos director e director adjunto dos serviços secretos, Inês Moiane, antiga secretária do ex-presidente Armando Guebuza, Bruno Tandane, operativo sênior do SISE (secreta) e Teófilo Nhangumele (engenheiro de profissão), tido como o “cérebro” de toda a operação.
No entanto, em Moçambique estas detenções são comentadas de forma jocosa e elevado pessimismo e desconfiança, com muitos cidadãos a considera-las meramente teatrais.
Esse debate ganha maior corpo nas redes sociais, onde as pessoas se expressam com relato à-vontade, apesar de algumas contas estarem a funcionar sob pseudónimos.
O cepticismo manifestado pela maioria dos internautas expressa o descrédito em que resvalou o sistema de justiça de Moçambique aos olhos do cidadão comum.
THANGANI WA TIYANI, CORRESPONDENTE NA ÁFRICA DO SUL