Negociações lentas
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama acusa o partido governamental em Moçambique – a Frelimo -, de, deliberadamente, retardar o processo negocial em curso.
O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, acusa, em entrevista ao semanário Savana desta sexta-feira (11Nov.16) o regime de aarrastar deliberadamente o processo negocial, ao mesmo tempo que intensifica raptos, sequestros e assassinatos dos membros da “perdiz”.
Veja, a seguir, algumas das principais passagens dessa entrevista, segundo o semanário concedido telefonicamente por Dhlakama a partir do seu esconderijo, supostamente algures em Sofala:
– Afonso Dhlakama começa por admitir que o presidente norte-americano recém-eleito, Donald Trump, “vai exercer pressão para o alcance da paz” em Moçambique e fez votos para que o Governo de Filipe Jacinto Nyusi “responda positivamente”.
– “Gostarias de facto que (Donald Trump) olhasse para África, em particular para África Austral, fosse de facto honesto, e priorizar a democratização do continente africano, em particular da região da África austral”, sublinhou Dhlakama.
– “As coisas estão na andar devagar (na mesa negocial no âmbito da Comissão Mista), porque de facto o Governo quer as propostas da Renamo, mas não consegue responder em contraproposta. Mesmo em resposta às propostas da mediação internacional a Frelimo não consegue dar a contraproposta. Sempre diz que está a analisar, está a estudar, depois vai dar a resposta”.
– “A Frelimo, nos último meses, dias, semanas, intensifica o rapto dos nossos quadros, são sequestrados em todas as províncias. Já não é só na província de Manica e Sofala, mesmo em Tete e Zambézia, em particular, em Nampula, já são baleados os delegados distritais, das localidades, uns a serem apanhados, amarrados lenços pretos e a serem carregados para 100 a 150 quilómetros, (mais tarde) apanhados os corpos sem vida e tudo, coisas horríveis, mais do que o próprio colonialismo que dominou durante 500 anos, e é mais do que terrorismo condenado internacionalmente, que os (norte-)americanos e europeus sempre se unem para combater”.
– “O que está a acontecer aqui, esta administração de Nyusi não sei onde apanhou, porque mesmo no tempo de Samora Machel, mesmo de (Joaquim) Chissano e (Armando) Guebuza, tiveram os seus erros, do comunismo e tudo, má governação, mas estas coisas de planificar e apanhar alguém, homens e mulheres porque tem cartão da Renamo, isso é só na administração de Nyusi, não sabemos como quer terminar.
Afonso Dhlakama nega que elementos armados do seu partido também estejam a caçar e matar militantes da Frelimo.
– “Isso é propaganda da Frelimo para dar a entender que andamos a caçar membros da Frelimo. São os mesmos esquadrões da morte criados pela Frelimo que escolhem os pequeninos da Frelimo e assassinam para dizer que é a Renamo. É mentira. Portanto, achamos que com um cessar-fogo e um acordo político e a reconciliação nacional, isso poderá parar.