Negócios de “guerra”?

Negócios de “guerra” com paz no horizonte?Como quase que habitual e em nome de uma alegada transparência, acabámos de tomar conta de que o Ministério da Defesa Nacional, numa operação de “ajuste directo”, acaba de encomendar centenas de milhares de pares de botas ao preço de 23,1 milhões de meticais…

No mesmo pacote ajustado directamente está uma outra encomenda de 5500 colchões, orçados em mais de 45 milhões de meticais, onde se incluem 2500 kits de ração de combate que ronda a casa de cerca de 5,4 milhões de meticais…

Em suma, um “ajuste directo” de contornos milionários que leva os menos incautos a desconfiarem que o discurso do mais alto magistrado da nação sobre a PAZ seja apenas uma falácia. Não se está a dizer aqui que o Exército não merece estar devidamente calçado, que durma com dignidade e tenha boa ração de combate!!!

O que parece ser contra-senso é o facto de este ministério, pela voz do seu actual timoneiro, ter dito há dias que aquela instituição fulcral para a defesa da soberania não recebeu ou encontrou uns 500 milhões de dólares norte-americanos que alegadamente teriam ido lá parar na “bolada” que deixou o país de tangas.

E essas encomendas surgem numa altura em o que Presidente da República, Filipe Nyusi, está envolto em hosanas devido à sua “visita” ao “seu irmão” Afonso Dhlakama, decorrida este último domingo, algures no sopé da Serra da Gorongosa.

Em anterior ocasião, em outro contexto e revestido em outras vestes e posições do poder, Filipe Nyusi esteve naquela serra em “visita” a um desconfiado Afonso Dhlakama que se bateu em retirada.

Há quem justifique que aquela “visita” fora realizada no âmbito da testagem do armamento que fora adquirido no maior dos segredos, em nosso nome colectivo, mas que por razões que o diabo desconhece o general Atanásio Mtumuke, que não é gago, diz não estar no ministério sob sua alçada.

E Mtumuke, como dissemos semana passada, é um respeitável general que se bateu nas matas pela autodeterminação de Moçambique, como pátria e nação!

Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Negócios de “guerra” com paz no horizonte?

LUÍS NHACHOTE

Este artigo foi inicialmente publicado na versão PDF  do jornal Correio da manhã de 10 de Agosto de 2017, na rubrica semanal DO LADO DA EVIDÊNCIA.

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