Nyusi desafia mulheres
O Presidente da República, Filipe Nyusi, defende que as mulheres devem adquirir competências que lhes permitam fazer escolhas livres, responsáveis mas acima de tudo informadas que contribuam para a melhoria das suas vidas e das futuras gerações.
Nyusi apontou, por outro lado, a necessidade de continuar-se a investir na área da saúde, com incidência na saúde que protege a mulher, através da melhoria dos hábitos de higiene individual e colectiva, assim como a própria alimentação.
O estadista moçambicano falava hoje na abertura da V Conferência Nacional sobre Mulher e Género que decorre em Maputo sob o lema “Moçambique: Mulheres e Homens Unidos pelo Desenvolvimento Sustentável” e que congrega, durante dois dias, cerca de 700 participantes.
Moçambique é um Estado parte do concerto das nações estando, por conseguinte, engajado nos processos de preparação e aprovação de agendas de desenvolvimento universal, com destaque à Declaração do Milénio 2000/15; a Agenda de Acção de Addis Abeba (Etiópia) e mais recentemente a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que estabelece objectivos e metas a serem alcançados pelos diversos estados até ao ano 2030.
Nesta óptica, o objectivo do país é assegurar que até 2030 mulheres e raparigas beneficiem de igualdade de acesso a educação de qualidade, serviços básicos e a participação política.
Na mesma esteira, tudo será feito para garantir que as mulheres e raparigas, particularmente as mais vulneráveis, tenham direitos iguais aos recursos económicos, a herança e aos serviços financeiros, incluindo o acesso as microfinanças e o direito a terra onde trabalham e vivem.
“O encontro, que hoje inicia, cristaliza uma prática bienal de realização da conferência nacional sobre a mulher e género para avaliar os progressos alcançados na implementação de políticas visando a igualdade de género” sublinhou o Presidente.
No mundo, as mulheres representam mais de metade da população e são responsáveis por cerca de dois terços na geração da economia e Moçambique não foge a regra.
“A população moçambicana é constituída por mulheres em 51.3 por cento. As mulheres contribuem para a produção de riqueza, sustento das famílias e consequentemente para a estabilidade social dos seus lares, suas famílias e comunidades, assim como para a sociedade em geral”, disse Nyusi.
Segundo Chefe de Estado, hoje, mais do que nunca, não se pode falar do desenvolvimento sustentável sem analisar o papel social de género atribuído as mulheres e aos homens, por isso o evento é também ocasião para saudar os organizadores do evento pela escolha do lema.
Apesar de ter registado, na última década, vários avanços na criação de oportunidades para a mulher, o país ainda enfrenta muitos desafios para garantir que raparigas e rapazes, mulheres e homens beneficiem das mesmas oportunidades.
Ao abrigo da Constituição da República, as mulheres e homens nascem e permanecem iguais sem discriminação no gozo e exercício dos seus direitos, daí afirmar-se que, em face da lei, no país há igualdade de género.
No entanto, um dos exercícios que se impõe é o aprofundamento dos caminhos conducentes a uma sociedade moçambicana onde os cidadãos, independentemente do seu género, possam ter as mesmas oportunidades para atingir o seu potencial máximo.
Segundo os dados mais recentes, o país registou avanços assinaláveis no ensino primário e secundário. Porém, parte das raparigas não conclui os dois níveis de educação, situação que se salda em perdas elevadas, em particular no nível secundário.
As perdas estão relacionadas com o abandono escolar derivado de algumas práticas sociais e culturais erradas e que devem ser combatidas, como, por exemplo, os casamentos prematuros e as gravidezes precoces, que não podem ser assistidas passivamente porquanto é sabido o quão condicionam o futuro da sociedade.
Desta feita, segundo o Presidente da República, se o país almeja elevar os índices de desenvolvimento humano, deve haver atenção redobrada à educação profissionalizante da rapariga.