Nyusi e o “Caso Caphridzanje”
O país, através da tragédia de Caphridzanje, distrito de Moatize, em Tete, deparou-se com uma tragédia sem historial a que possamos nos recorrer para estabelecer comparações, não obstante haver alguma semelhança relativamente à outra tragédia de há cerca de um ano, em Chitima, distrito de Cahora Bassa, na mesma Província, em termos de violência.
A diferença reside, essencialmente, na própria acção, sendo que em Chitima foi passiva e inconsciente, enquanto em Caphridzanje foi activa e consciente.
Na primeira situação foi algo acidental, enquanto na segunda há um factor humano como móbil da ocorrência.
A única coisa em comum é o facto de que morreram pessoas e, é aqui onde devemos estar todos unidos, tanto para consolar os que ficaram feridos e enterrar os mortos, como na luta pela consciencialização dos nossos compatriotas, do Rovuma ao Maputo, sobre os perigos que representam actos como os de Quinta-Feira (17 Novembro 2016) em Caphridzanje, independentemente das causas que moveram as pessoas a praticá-los.
Sem deixar de sublinhar e lamentar esta ocorrência, mais uma, infelizmente, o que me leva a riscar estas linhas é para, exactamente, manifestar o meu apreço público em torno da forma como o Governo do dia, na pessoa do próprio Chefe do Estado, Filipe Jacinto Nyusi, vem gerindo a situação, desde a primeira hora.
É facto para, largamente, elogiar o comportamento do Presidente Nyusi que, sem pestanejar, deixou a entender de que lado estava perante a situação, posicionando-se do lado do povo atingido. Correctíssimo.
Não ficou no palácio em champanhes.
Nyusi fez o que um estadista, à altura das suas responsabilidades, deve fazer, que é de dar sinal de conforto e de esperança a quem está em apuros em circunstâncias como aquelas de Tete.
A convocação de uma sessão extraordinária do seu colectivo ministerial, acompanhada da criação de uma comissão de inquérito e o respectivo envio de uma missão multissectorial ao local, foi a actuação mais sensata e sábia de um estadista, quando um pedaço do seu povo está em situação, ou mesmo todo ele.
A César o que é de César e, aqui temos que dar a Nyusi a merecida felicitação.
É assim, senhor Presidente, como se actua num país onde o povo é que manda.
Acredito eu que muita agenda do Presidente foi abaixo naquele dia, por bons motivos.
Não só percebeu que vidas humanas, que muito bem contribuíam, dentro do seu contexto, para o desenvolvimento deste país, como também, provavelmente, aqueles atingidos pela tragédia também votaram para que o Governo do dia estivesse onde está.
Está de parabéns, Presidente Nyusi, continue a identificar-se com o povo. Espero que todos que costumamos nos prezar por críticas à governação o fizessemos agora também, desta vez ao contrário. Se não o fizermos, então, ou somos cobardes ou sabotadores.
É preciso reconhecermos o trabalho realizado e não combatendo quem fez o trabalho.
As minhas mais sentidas condolências às famílias enlutadas de Moçambique, principalmente de Tete, por esta tragédia. Aos feridos, rápidas melhoras e regresso ao convívio familiar.
Ao Presidente Nyusi, tudo dito. Esse é o caminho.
Liliano Jacob