Nyusi gera desconforto
A visita do Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, a Gaza, esta quarta-feira, causou, em certo momento, algum desconforto e murmúrios, pelo menos na cidade de Xai-Xai, por alguém ter entendido que devia mandar atrasar a abertura dos portões do principal mercado local, como forma de “obrigar” os citados a ir dar as boas-vindas ao Chefe de Estado.
Ao que o Correio da manhã apurou, os portões do Mercado Limpopo (que algumas correntes insistem em chamar “Mercado Afonso Dhlakama”), apenas foram abertos ao público por volta das 09h30, ou seja, com um atraso de aproximadamente 200 minutos relativamento à hora habitual do início de actividades neste local.
Esta situação causou desconforto, murmúrios e desprogramou alguns utentes, que apenas começaram a cumprir com as suas agendas no mercado municipal de Xai-Xai depois da passagem da caravana de veículos transportando membros, simpatizantes do partido Frelimo e outras pessoas que se interessaram em ir receber o Chefe de Estado no local através do qual deu início à visita de trabalho de um dia a Gaza.
O programa oficial da visita de Nyusi a Gaza incluía uma passagem pelo local da construção do futuro Aeroporto de Xai-Xai, na localidade de Poiombo, no distrito de Chongoene, e à Casa Agrária de Inhamissa, na mesma urbe.
O Presidente da República procedeu, ainda, à inauguração do novo Edifício Administrativo do Governo da Província de Gaza.
Nesta deslocação, o Chefe de Estado fez-seacompanhar pelos ministros dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita; da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural, Celso Correia; vice-ministros da Administração Estatal e Função Pública, Roque Silva Samuel; dos Combatentes, Maria de Fátima Pelembe; director-geral do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), quadros da Presidência da República e de outras instituições do Estado.
Polémica designação do mercado
A principal praça comercial da cidade de Xai-Xai em algum momento ficou (informalmente) designada “Mercado Afonso Dhlakama” pelo facto de, em 1993, na sua primeira aparição pública na capital de Gaza, depois do Acordo Geral de Paz (AGP), numa digressão pelo país numa espécie de pré-campanha para as primeiras eleições legislativas e presidenciais,o líder da Renamo ter aí efectuado “compras à larga”, para o gáudio dos vendedores contemplados.
Foi assim que, presumivelmente em jeito de “retribuição” dos utentes do mercado pela “generosidade” de Dhlakama, alguns utentes decidiram passar a chamar o local com o nome do líder da Renamo, o que não terá caído bem para as autoridades de um terreno supostamente dominado politicamente pelo partido Frelimo, que baptizou oficialmente o local de Mercado Limpopo.
Refira-se que no período de transição entre a assinatura do AGP e a realização das primeiras eleições gerais e presidenciais em Moçambique, a Renamo e outros partidos legalmente existentes “nadavam em rios de dinheiros” providenciados pela Operação das Nações Unidas em Moçambique (ONUMOZ), no âmbito de um célebre “trust found”.
Yanga Júnior, correspondente em Gaza