Nyusi honra sua palavra
Paulatinamente, Filipe Jacinto Nyusi, parece estar a cumprir com a palavra dada aquando da sua tomada de posse como o chefe de Estado de Moçambique em 15 de Janeiro de 2015, não obstante a resistência oferecida por alguns falcões do partido Frelimo, a que preside, também.
Efectivamente, para além de ter accionado o diálogo com o já falecido líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, imediatamente após a sua investidura, que resultou em tréguas militares desde finais de 2016, aparentemente, já abre a “frente económica”, uma das mais sensíveis, a par da militar, igualmente em abordagem, para pacificar definitivamente Moçambique.
Politicamente Nyusi conseguiu convencer os seus mais radicais camaradas a aceitar o pacote de descentralização – com as nuances que a corporizam, por enquanto.
Com aparente colaboração da actual liderança (interina) da “perdiz”, está a tentar resolver o dossier desarmamento e (re)integração dos elementos armados residuais da RENAMO.
Sabe-se que na empresa Petróleos de Moçambique (PETROMOC) quase desde o início da semana um draft de comunicado está por aprovar pelas chefias e distribuir pelas Redacções, dando conta de profundas mexidas que incluem a entrada nos órgãos sociais desta firma do respeitado general (na reserva) da guerrilha da RENAMO, Hermínio Morais (Bob). É óbvio que este esforço tenha o “dedo” de Nyusi.
A integração do general “Bob Charlton”, mesmo como Administrador Não
Executivo, já é um bom sinal e grande contributo para aplacar os ânimos castrenses renamistas e suficiente para afugentar parte de apetites de aventuras militares de elementos frustrados da RENAMO.
A exclusão socioeconómica de elementos com poder incendiário na RENAMO em algum momento concorre(u) para animar iniciativas militares destes. Isto foi dito e repetido inúmeras vezes.
Benjamim Pequenino foi até hoje o único quadro superior da RENAMO assumido que alguma vez esteve em posição cimeira numa empresa pública moçambicana – Correios de Moçambique – sob indicação do então Presidente da República Joaquim Alberto Chissano, mais tarde removido por Armando Emílio Guebuza (em 2005).
Hermínio Morais é um militar lendário da RENAMO. Desempenhou um papel preponderante durante a “guerra dos 16 anos”, particularmente na província central de Sofala e na negociação do Acordo Geral de Paz (AGP) em Roma.
Terminada a guerra civil em 1992 integrou a Comissão Conjunta para a Formação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (CCFADM) e mais tarde serviu como assessor de Afonso Dhlakama para Assuntos de Defesa e Segurança.
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, edição de 01 de Junho de 2018, na rubrica semanal TIKU 15!
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