O ambiente que rodeou o regresso de Venâncio Mondlane a Maputo
Chuva intensa, banhos de multidões e impressionantes medidas de segurança, com disparos de gás lacrimogéneo e de tiros de metralhadora à mistura, com relatos de óbitos, foi o ambiente que caracterizou o regresso de Venâncio António Bila Mondlane a Maputo, depois de dois meses e meio a liderar a contestação aos resultados das eleições à distância.
Venâncio Mondlane, que de acordo com os resultados oficiais e definitivos das eleições de 09 de Outubro de 2024 ficou em segundo lugar, chegou hoje cerca das 08:20 locais a Maputo, tendo sido recebido por destacados quadros do seu movimento de apoio e muitas pessoas eufóricas.
Diante dos jornalistas que o aguardavam em Maputo enumerou os principais objectivos do seu regresso, mas elencou três, a saber:
– Quebrar a narrativa” de estar “ausente por vontade própria”, ao mesmo tempo que denunciava a marcha de um “genocídio silencioso” em Moçambique.
– Para demonstrar vontade própria das iniciativas de diálogo. “Estou aqui presente, em carne e osso, para dizer que se querem dialogar comigo, estou aqui. Então acabem com essa narrativa”.
– Para monitorar esse processo, para visitar as valas comuns, para gritar a favor desses moçambicanos que estão a ser assassinados” e enfrentar os processos judiciais que contra ele foram accionados.
Depois de afirmar que não tenciona assumir cargo algum resultante das “eleições fraudulentas” de Outubro passado, numa conferência de imprensa improvisada à saída do aeroporto de Maputo, Venâncio Mondlane se autoproclamou, minutos volvidos, Presidente da República de Moçambique e simulou uma tomada de posse para o cargo, com mão direita levantada e uma bíblia na esquerda.
O candidato oficialmente derrotado percorreu algumas artérias da cidade de Maputo e por instantes se deteve no maior mercado informal a céu aberto de Maputo – “Estrela Vermelho” –, onde interagiu brevemente com alguns dos seus apoiantes.
O Conselho Constitucional (CC) de Moçambique fixou 15 de Janeiro para a tomada de posse do novo Presidente, que vai suceder o actual incumbente, Filipe Jacinto Nyusi.
Em 23 de Dezembro, o CC, última instância de recurso em contenciosos eleitorais, proclamou Daniel Francisco Chapo, candidato apoiado pelo partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos.
O partido Frelimo obteve uma vitória da Frelimo clara, que manteve a maioria parlamentar, de acordo com o CC.
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