O crime compensa?

Crime – Começa a ser rotineiro, por via das redes sociais, que informações de interesse público sejam o canal privilegiado para a sua difusão e multiplicação. Foi assim semana passada com o anúncio da recondução do antigo presidente do Conselho de Administração da empresa Aeroportos de Moçambique, após uma temporada a ver o sol aos quadradinhos, por ter sido lesa-empresa. Diodino Cambaza deve estar a ser gratificado, em moldes draconianos, como uma coisa normal, da qual não se deve espantar!!!

Mas agora vamos por partes, nas calmas, lembrando o veredicto do tribunal que o sentenciou:

 

“Nome: Diodino Cambaza
Função: Antigo PCA da Aeroportos de Moçambique.
Acusado de: Crime de desvio de fundos e de bens do Estado de forma continuada para benefícios próprios;
Crime de transferência de fundos da ADM para o pagamento de bolsas de estudo dos filhos do antigo ministro de Transportes e Comunicações, António Munguambe;
Crime de abuso do cargo ao alterar o regulamento interno da ADM em benefício dos membros do Conselho de Administração.
Auto de defesa do réu:
Negou ter tido conhecimento da transferência de oito mil dólares norte-americanos para o financiamento das bolsas de estudo dos filhos de António Munguambe, tendo afirmado que o pagamento foi feito sem a sua autorização, pelo antigo administrador financeiro, Hermenegildo Mavale;
E sobre um cheque de 25 mil dólares emitido a favor do cidadão Joseldo Massango, pronunciado como declarante, o réu disse não conhecer o referido cidadão e muito menos o valor em causa;
Aceitou ter feito a alteração do regulamento da empresa, mas tal visava a melhoria da vida dos trabalhadores da ADM.
PENA: 22 anos de prisão maior.”
A verdade dos factos manda dizer que dias depois da sentença, o réu recorreu da sentença ao tribunal de recurso, no caso o Tribunal Supremo (TS), que acabou por lhe reduzir a pena. Cambaza não ficou imune ao crime, por isso foi para a cadeia, lugar para onde a sociedade manda a sua escória social.

O julgamento teve um carácter pedagógico e educativo para todos os moçambicanos que exerçam ou não cargos de chefia no Estado ou noutras instituições, no tocante à gestão e desvio dos bens públicos, e não só, como também o mesmo visava mostrar que a justiça moçambicana funciona e, quiçá, devolver a credibilidade que alguns críticos tiravam à mesma. Parece que estávamos redondamente enganados….

Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: O crime compensa?

Luís Nhachote

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