O desígnio das forças
O desígnio das forças – O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse que Moçambique vai liderar as forças internacionais que estão no país para fazer face a grupos terroristas em Cabo Delgado, considerando que o mandato destas forças é solidário e visa salvar vidas.
“Todos estes apoios serão implementados sob solicitação, comando e direcção dos moçambicanos, que estão em frente dos destinos do país, pois ninguém conhece a nossa casa melhor do que nós”, declarou o chefe de Estado moçambicano, numa comunicação à nação sobre a violência armada terrorista em Cabo Delgado a partir da Presidência da República, em Maputo.
Segundo Filipe Nyusi, a actuação das forças no terreno vai obedecer uma estrutura de comando que garanta que não haja confrontos, atritos ou desarticulação, cabendo a Moçambique liderar estas estratégias.
“Está absolutamente claro que os moçambicanos é que estarão na vanguarda, por conhecerem melhor o terreno, contexto e serem os mais interessados”, frisou Filipe Nyusi, acrescentando que o mandato das forças estrangeiras em Moçambique é “solidário e visa salvar vidas”.
“Não existe nenhuma razão para se recear a presença e intervenção estrangeira”, declarou o chefe do Estado, esclarecendo ainda que as solicitações de apoio feitas pelo executivo de Maputo basearam-se em mecanismos e princípios de cooperação internacional, bem como acordos bilaterais.
No terreno, Moçambique vai contar com militares do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), mas há outros parceiros que começam a apoiar na capacitação das forças moçambicanas, com destaque para a União Europeia e os Estados Unidos.
“Não devemos temer este apoio, devíamos sim ter medo de estar sozinhos, enfrentando os terroristas”, declarou o Presidente, frisando que a luta contra o extremismo violento não pode ser vencida de forma individual.
“Fomos e seremos donos deste caminho, que percorremos com países que enfrentam o mesmo inimigo”, concluiu.
O mandato de uma “força conjunta em estado de alerta” da SADC para apoiar Moçambique no combate contra o terrorismo em Cabo Delgado foi aprovado em 23 de Junho, numa cimeira extraordinária da organização em Maputo que debateu a violência armada naquela província do Norte do país.
Segundo o Ministério da Defesa, além de África do Sul e Botsuana, países como Tanzânia e Angola também já confirmaram que vão enviar as suas forças, mas Moçambique também espera por outros soldados de países-membros daquela organização regional.
Não é publicamente conhecido o número de militares que a organização vai enviar a Moçambique, mas peritos da SADC que estiveram em Cabo Delgado já tinham avançado em abril que a missão deve ser composta por cerca de três mil soldados.
Em Cabo Delgado, já se encontra um contingente de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o Governo moçambicano e as autoridades de Kigali.
Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo Estado Islâmico.
Há mais de 2.800 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 800 mil deslocados, de acordo avançados hoje pelo chefe de Estado. (O desígnio das forças)
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