O futuro da Renamo após as eleições fraudulentas
Nesta plataforma sempre oferecemos assessoria para todos de forma gratuita e falamos tantas vezes para a Renamo adoptar nova postura e ouvir a voz do povo. Tanto é que também redigimos uma carta antes do congresso de Alto Molócuè que visava haver um entendimento entre os membros deixando que Venâncio Mondlane ao menos entrasse na tenda. Isto para Renamo foi uma piada e descaso. Agora a factura chegou e o que fazer?
Para este partido ressuscitar precisa:
Fortalecer-se: aproveitar as alegações da fraude eleitoral e mostrar o povo que está do lado dele correndo com ele e se valendo de força alternativa. Seguir o discurso do Manuel de Araújo e mostrar que ele não está só e nunca estará. Isso pode ser difícil para o líder da Renamo, pois ele está mais acomodado na cadeira que no futuro do partido. Lutando do lado do povo e mostrando a sua cara nas ruas, pode levar a um aumento no apoio popular, especialmente se conseguir mobilizar a insatisfação em relação à Frelimo.
Legitimidade e credibilidade: O papel da Renamo na denúncia de práticas fraudulentas pode aumentar a sua legitimidade, especialmente se conseguir apresentar provas e argumentos sólidos. A confiança da população no partido poderá crescer se ele for visto como um defensor dos direitos democráticos.
Mobilização Social: A Renamo pode se engajar em campanhas de mobilização social e protestos pacíficos, o que poderia galvanizar o apoio popular. A eficácia dessas mobilizações dependerá da sua capacidade de unir diferentes grupos e organizações da sociedade civil, o que não será tarefa fácil caso não tenha foco.
Estratégias Políticas: O partido pode precisar de revisitar as suas estratégias políticas, buscando novas formas de engajamento com os cidadãos e formulando propostas que atendam às preocupações da população e neste caso, a linguagem de marchas pacíficas, impugnação do processo eleitoral, busca de apoio internacional, exposição das actas e editais em sua posse nas variadas plataformas de media digitais e apelo ao respeito do voto popular.
Desafios Internos: A Renamo também enfrentará desafios internos, como a necessidade de unidade e coesão entre seus membros, uma vez que muitos estão desanimados e decepcionados com o comportamento do seu líder que a curto trecho, virão chamando nomes pejorativos e pedindo que abandone o poder ou sofrerá de ameaças como àquelas que Nhongo proferiu: “não queremos o Ossufo, ele estragou o nosso partido. Se ele vier aqui, nós vamos matar.” Disputas internas ou divisões podem prejudicar sua capacidade de agir de forma eficaz como uma oposição unificada.
Apoio Internacional: A resposta da comunidade internacional às alegações de fraude poderá impactar a Renamo. Se houver apoio externo, isso pode aumentar a pressão sobre o governo da Frelimo e fortalecer a posição da Renamo, assim como ganhar confiança do povo.
Conflitos Regionais: O contexto regional e a situação em outros países africanos podem influenciar a dinâmica política em Moçambique. A Renamo pode se inspirar em movimentos de oposição de outros países ou, inversamente, pode ser afectada pela instabilidade na região.
Contudo, o futuro da Renamo dependerá da sua capacidade de capitalizar a insatisfação popular, fortalecer a sua legitimidade, mobilizar apoio e se adaptar ao cenário político em constante mudança. A forma como o partido vai gerir os seus desafios internos e como interagirá com a sociedade civil e a comunidade internacional também será crucial para o seu sucesso no futuro. O futuro da Renamo depende do próprio partido, distanciamento de discursos bajuladores e exposição dos assuntos que provocarão cisão. Tudo o que a Renamo precisa é se distanciar da Frelimo, pois ela não traz nenhum plano benéfico senão usá-la como lavatório para limpar as manchas e seguir o caminho.
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 14 de Outubro de 2024.
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