O melhor é que não leiam!
O melhor – É que há um reboliço sócio-político na vizinha República da África do Sul, concretamente no bairro histórico do Soweto, arredores de Joanesburgo, onde alguns residentes, sempre que se regista uma oscilação ou corte da corrente eléctrica, mais não fazem senão, em grupos agitados e armados, se dirigem à residência da irmã do Presidente da República, que ali vive, também, para exigirem explicações.
“Fecha a porta e não abre para ninguém” é conselho do Presidente Cyril Ramaphosa para a sua irmã mais velha Ivy, ameaçada por residentes vizinhos em Chiawelo, no bairro histórico-político sul-africano do Soweto, arredores da cidade de Joanesburgo, exigindo que ela telefonasse ao seu irmão, Chefe do Estado, para resolver cortes de electricidade nas suas casas.
Residentes juntaram-se defronte da casa da vizinha Ivy e gritaram para ela dizendo “telefone ao seu irmão” para atender à aflição deles e ameaçaram queimar a casa da idosa Ivy Ramaphosa.
Segundo o semanário Sunday Times, o conselho considerado arrepiante do presidente Ramaphosa para sua irmã é uma reposta à gravidade e fúria dos consumidores domésticos da energia eléctrica face aos cortes constantes que se registam nas comunidades na África do Sul em geral.
O bairro do Soweto é um dos mais populosos e habitado maioritariamente por negros empobrecidos, alguns dos quais combateram directamente à injustiça do sistema já erradicado do Apartheid.
Nelson Mandela, já falecido e Desmond Tutu (ainda vivo) possuem residências no lendário bairro do Soweto, o único do mundo com dois laureados com o Prémio Nobel da Paz com aposentos na mesma rua, a icônica Vilakazi Street.
O bairro deve 7.5 biliões de randes à empresa pública Eskom, a eléctrica estatal sul-africana.
A dívida foi reduzida de 12.8 biliões de randes para 7. 5 biliões pela Eskom em negociações com grupo de consumidores, mas a maioria recusa pagar pelo consumo de energia eléctrica.
Ivy Ramaphosa disse ao jornal que o seu irmão lhe aconselhou a remover lâmpadas de emergência montadas fora de casa para casos de corte, porque davam impressão de que ela tinha energia sempre mesmo durante corte geral.
Quando residentes furiosos chegaram à casa dela, ela telefonou para o irmão e para a Polícia pedindo socorro por temer agressão.
O Presidente Ramaphosa visitou Chiawelo em campanha eleitoral para pedir votos aos residentes para eleições municipais de 1 de Novembro, prometendo que o problema de falta de energia eléctrica seria resolvido. Depois da sua visita eleitoral semana passada, técnicos da Eskom têm sido activos na zona e a Polícia reforçou visitas regulares de rotina à casa da irmã do Chefe.
O porta-voz provincial da Polícia, Mavela Masondo, confirmou ao jornal Sunday Times que cerca de 300 residentes de Chiawelo protestaram contra cortes de electricidade defronte da casa da irmã mais velha do Presidente Ramaphosa.
Entretanto, o porta-voz nacional da Polícia, Vish Naidoo, afirmou que Ivy Ramaphosa não estava a ter tratamento especial.
Para Naidoo, um membro da comunidade não precisa de telefonar para o Chefe do Estado para a Polícia agir.
O porta-voz disse que a Polícia responde a milhares de acções de protesto em todo o pais, pelo que este caso não pode ser diferente só porque envolve a irmã mais velha do Presidente.
Vish Naidoo explicou ser procedimento normal da Polícia realizar visitas de rotina a residências de idosos, pessoas portadoras de deficiência ou com crianças vulneráveis para garantir segurança.
Entretanto, Ivy Ramaphosa disse que telefonou para o seu irmão Presidente da República quando um grupo de manifestantes se juntou defronte da sua residência em Chiawelo.
“Chamei-lhe e disse que havia um grupo de pessoas defronte da casa a fazer barulho, com armas, cantando e não sabia o que queriam fazer. Fechei o portão de grade e ele disse para não abrir para ninguém” – explicou Ivy Ramaphosa ao Sunday Times.
Com 72 anos, Ivy disse que vivia com medo depois dos membros da comunidade terem alegado que a casa dela nunca sofria cortes de energia, porque é irmã de Cyril Ramaphosa.
Segundo Ivy, ultimamente quando bairros vizinhos sofrem cortes de energia os residentes marcham para casa dela e bloqueiam ruas com pedras e ameaçam queimar a casa para o Presidente falar com a Eskom no sentido de resolver o problema.
A primeira dama, Tshepo Motsepe, também aconselhou a sua cunhada para se manter fechada dentro da casa.
A Polícia foi chamada pelo menos sete vezes em menos de dois meses para garantir a segurança da idosa no meio de protestos.
Ivy Ramaphosa, que vive em Chiawelo desde 1953, recordou que o bairro começou a registar cortes de energia em 2011 quando residentes aumentaram anexos nos seus quintais para arrendamento, fazendo ligações clandestinas.
De acordo com a irmã do estadista sul-africano, uma vez o bairro ficou às escuras durante duas semanas e os residentes foram reclamar nos escritórios da Eskom.
Eles falaram também com um membro da Assembleia Municipal responsável por Chiawelo sobre a situação e depois tiveram informação de que um transformador tinha queimado.
Nessa altura, os técnicos da Eskom resolveram, mas o problema persiste.
Entretanto, desde que o irmão Presidente de Ivy visitou o bairro em campanha eleitoral há uma semana os cortes sistemáticos reduziram drasticamente.
Ivy disse que para poupar a energia usa fogão a gás para cozinhar e mantem lanternas carregadas para iluminação em caso de corte.
O seu irmão Cyril removeu o fogão eléctrico, porque consumia muita electricidade.
Ivy Ramaphosa considera-se uma pessoa sem tratamento preferencial por ser irmã do Presidente da África do Sul, país mais industrializado de África, que enfrenta profunda crise energética. (O melhor)
THANGANI WA TIYANI, correspondente do Redactor na África do Sul
Este artigo intitulado “O melhor é que os moçambicanos não leiam e imitam isto!” foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 07 de Outubro de 2021.
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