O perigo da abstenção

Nos últimos anos, os moçambicanos têm-se abstido muito do processo eleitoral e não se identificam com a causa do país. Isso é perigoso. Haja mudança de mentalidade e quebra de paradigma neste ano.

Talvez tenham razão, pois o país foi assaltado e continua sendo. Vendem-nos sempre uma lebre no lugar de um coelho, uma janta no lugar de uma roda. Dão-nos pessoas gananciosas e traidores da pátria no lugar de patriotas e pessoas comprometidas, apaixonadas pelo país.

Mas a abstenção é perigosa. Ao se optar pelo caminho da abstenção, diminuem as chances de eliminar o inimigo do povo. Quem opta pelo caminho do voto em branco ou nulo aceita a escravidão, porque com essa atitude mantém o opressor no poder e a desfazer. 

Quem se abstém não tem legitimidade de reclamar das trafulhices do governo eleito. Mais do que nunca, é preciso que cada moçambicano que sofreu durante estes últimos 49 anos, que pareceram quatro séculos e meio, vá votar, não na continuidade, mas na mudança. Por que não na continuidade?

Já decidimos continuar por três vezes e nada mudou. Decidimos manter por três vezes e a balança pesou para um lado. Votar na continuidade é aceitar que o FMI continue dando ordens aos dirigentes moçambicanos para não pagarem os salários e o décimo terceiro salário que é um direito. A reduzir os salários dos funcionários e a perpetuar a precariedade da vida dos moçambicanos. Votar na continuidade é aceitar a guerra de Cabo Delgado e manter os ruandeses por longos anos e tirarem a riqueza do nosso país. A continuidade é uma chave para o sofrimento. 

Votar na continuidade é aceitar que os raptos aconteçam, que Cabo Delgado seja um campo de batalha, que os nossos filhos sejam cada vez mais estudantes sentados debaixo de árvores, que os inimigos da pátria pilhem os recursos. Votar na continuidade está perigoso, é aceitar que as estradas continuem sendo lugar onde se acham piscinas naturais e cemitérios de carros e causa da morte de muitos moçambicanos. 

Votar na continuidade é aprovar e legitimar a corrupção, opressão, escravidão e exploração dos nossos recursos de forma descontrolada e sem beneficiar a nenhum moçambicano. A continuidade é um prato envenenado nos últimos tempos. Quem se alicerça na continuidade esbarra-se nas bermas da morte. 

Ora, é tempo de arregaçar as mangas e escutar o fundo do coração. Não há decisão que não tenha consequências e não há consequências que não tenham a quem assumir. As abstenções geram frustrações e o voto inconsciente gera burrice.

Portanto, enquanto moçambicanos, devemos olhar o passado e por ele alicerçar as nossas decisões e a nossa decisão não deve ser pelas palavras no tempo da campanha eleitoral, mas pela experiência de vida. O tempo é o melhor professor e amigo. Quem prefere fechar a mente e os olhos abre as feridas do sofrimento, da dor e da angústia. A verdadeira liberdade está no interior de cada cidadão moçambicano e não na mente dos candidatos. 

Tudo o que os candidatos querem é o voto e permanecerem no poder, não melhorarem a vida dos moçambicanos. A maioria deles já conhecemos, são mentirosos compulsivos e até mesmo tramoias, não dá mais, irmãos!

Quem quiser experimentar, experimente, pois as consequências ser-lhe-ão prato de cada dia e nunca se perdoará. Se votar na mudança e não for respeitado o seu voto, a luta continua! Contra os sabotadores da pátria e inimigos do bem comum.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 23 de Julho de 2024.

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