O presente da noiva
Em tempos o casamento era tão sério que de igual forma não havia espaço para unir e desunir as famílias. Se tem dito que, todos passavam por um aconselhamento para melhor ser e estar no seio da sociedade e família automaticamente.
Foi dessa forma que um casal decidiu unir os panos numa só gaveta, tendo marcado a data para realização do seu noivado e casamento em simultâneo, as famílias andavam todas felizes sem ter noção das consequências que poderiam causar, pois, nem todos os membros fazedores das festas decidiram sentar para saber qual das dificuldades prevaleciam no seio dos noivos.
O tempo corre, desta é sabido e ninguém mais tem poder para trava-lo, quem puder faz os seus deveres dentro do espaço desejado para não relançar como se nada fizesse.
As condições mínimas estavam criadas para fazer as coisas acontecerem de forma significativa, todos estavam empolgados, de olhos abertos e ouvidos aguçados a espera daquela magnífica data a qual traria manifestação diferente e convívio significativo para os noivos e família no geral.
Por parte da noiva existia um tio mineiro “madjonidjoni”, radicado na terra do Rand, quem pediu aos seus próximos para desenhar em um papel o pé da sobrinha (noiva) e fazer envio àquele país com vista a comprar seus sapatos. Acção feita com perfeição, mas houve uma irregularidade no envio destes, tal que o tio fez entrega em transportadora público “Pantera Azul”, dando seu e contacto dos familiares para a devida comunicação com os que receberiam a mercadoria, mas estes não conseguiram comunicar com a agência transportadora que para efeito, os sapatos ficaram pedidos pelo caminho.
A noiva vivia tensa e preocupada, afinal tinha de tudo, faltando-lhe sapatos para complementar a sua veste, de forma silenciosa clamava, mas ninguém a podia ouvir uma vez chorar em cantos da casa.
O tio já de regresso a terra natal, para mais surpresa, mesmo nas vésperas do casamento compra um par de “sapatos amarelos”, cor preferida da amada sobrinha, dos quais combinaria com vestido branco costurado pela modista daquele quarteirão, conhecida por mãe-costura, que para além de cozer, ensinava a bordar para qualquer um quem quisesse praticar.
É chegado o dia, a comunidade toda prestava atenção ao casal, o noivo já arrumado a moda dos anos setenta, a amada da casa toda preocupada uma vez seus calçados não chegarem.
As buzinas eram a marca que se vivia fora da residência, como mensagem do motorista para dizer (está na hora) que, quanto mais gritaria dos populares mais agitada ficava a pobre noiva com cabelo desfilisados, batom pintado, unhas feitas e sombras endireitadas, toda brilhante, afinal era seu dia, mesmo com seu vestido branco, recebeu das mãos do tio os sapatos cujo número era pequeno em relação ao seu pé.
Mais um problema se levanta naquela família, não havia opção de escolha, pois, não calçando seria a primeira noiva de “pé descalço no seio da sociedade”, o que se viu obrigada a forçar no calçado para que a servisse. Foi acto momentâneo e caracterizado por maior tristeza para a miúda, mas sem outra escolha para o efeito.
“Aguenta filha, mesmo por algumas horas, tudo vai correr bem”, disse a madrinha com aro sentimentalista, o que levou a noiva a ceder, com lágrimas a pele da flor. Os que não perceberam, pensavam que esta chorava por emoção da cerimónia matrimonial a acontecer, quando ela se queixava de dores pelo aperto dos sapatos que calçava.
Porém, embora o sonho de qualquer um seja usar o sapato mais bonito que existe, precisamos ter cuidado, afinal nem sempre o sapato mais lindo é o mais indicado, tal que os sapatos novos podem apertar e causar dores.
Havendo possibilidade coloca os sapatos e pratique algumas semanas antes do grande dia com vista a perceber onde está causando atrito, tendo tempo para fazer ajustes e lacear de acordo com seu pé. Precisamos lembrar “o conforto dos noivos deve estar em primeiro lugar, antes mesmo da sua beleza”.
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal REDACTOR, na sua edição de 19 de Outubro de 2023, na rubrica de opinião.
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