O sangue dos heróis e o futuro de Moçambique
O sangue de figuras como Elvino Dias, Paulo Guambe, Muhamud Amurane, Gil Cistac, Siba Siba Macuacua, Anastácio Matavele, Afonso Dhlakama, João Chamusse, entre tantos outros, não deve ser relegado ao esquecimento.
Estes nomes representam a luta pela liberdade, pela justiça e por um Moçambique mais democrático. Suas vidas foram ceifadas não apenas por forças opressoras, mas pelo silêncio conivente que muitas vezes permeia nossa sociedade.
A história recente de Moçambique está marcada por lutas e sacrifícios, mas também por uma dolorosa continuidade de injustiças. As mais de 500 vidas perdidas em manifestações contra o regime, os mais de quatro mil detidos que permanecem encarcerados, e os mais de 1000 feridos que carregam cicatrizes visíveis e invisíveis, clamam por respostas. Essas perdas representam não apenas números, mas sonhos interrompidos, famílias devastadas e um futuro roubado.
Será que tudo isso será em vão? O sangue derramado e as vozes silenciadas clamam por mudanças profundas, pela construção de um Estado onde os direitos e liberdades não sejam apenas retóricos, mas vivenciados por cada cidadão. Moçambique precisa de uma reviravolta – um momento de reflexão colectiva e acção transformadora.
A sociedade moçambicana, especialmente os jovens, carrega a responsabilidade de honrar este legado. Não é mais aceitável que as estruturas de poder zombem das vidas sacrificadas. A liberdade, a justiça e a democracia não podem continuar sendo privilégios de poucos. O sangue dos que tombaram deve ser a semente de uma nova nação, construída sobre os pilares da inclusão, do diálogo e da reconciliação.
As feridas físicas e emocionais das vítimas das repressões são um chamado à acção. Elas nos lembram de que mudanças estruturais são urgentes. Que as mortes, prisões e mutilações não sejam marcos de um ciclo vicioso, mas sim catalisadores de um movimento que transforme a dor em resistência e a resistência em vitória.
Moçambique pode e deve dar uma reviravolta. O destino do país está nas mãos de quem se recusa a esquecer, de quem tem coragem de lutar, e de quem acredita que a justiça é possível. O futuro será escrito por aqueles que ousarem sonhar com um Moçambique melhor, e que, movidos pelo sacrifício de tantos, não desistirem de lutar.
Ou é agora ou nunca. Ou um por todos ou todos por um.
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 03 de Janeiro de 2025.
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