OAM comenta crimes
A morte de dois reclusos levados num “ataque” a um carro celular, em Maputo, a 24 de Abril no centro da cidade de Maputo, mostra a promiscuidade entre o crime organizado e o Estado, disse Gilberto Correia, ex-bastonário da Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM).
“Esta é uma situação que mostra o nível de promiscuidade entre a criminalidade organizada e as instituições do Estado responsáveis pelo combate ao crime, demonstra o nível de infiltração do crime organizado nas instituições do Estado”, disse Gilberto Correia.
O assassínio dos dois reclusos, prosseguiu, pode tratar-se de queima de arquivo e visou impedir que seja conhecida a verdade sobre o homicídio do procurador Marcelino Vilanculo, que investigava raptos.
“Quando se matam procuradores, juízes, polícia e outros representantes do Estado no combate ao crime, os criminosos querem mandar a mensagem de que são mais fortes do que o Estado”, acrescentou o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, em entrevista à Lusa.
Gilberto Correia afirmou que o Estado moçambicano deve indemnizar as famílias das duas vítimas, uma vez que as mesmas estavam à guarda do Estado, quando foram libertados para depois serem encontrados sem vida.
“Em Moçambique não há pena de morte e eles gozavam da presunção de inocência, pelo que as suas famílias devem ser ressarcidas por todo este sofrimento”, acrescentou Correia.
Os reclusos José Coutinho e Alfredo Muchanga foram encontrados mortos numa cova, a 70 quilómetros a noroeste da capital, noticiou no sábado a Agência de Informação de Moçambique (AIM).
Os corpos foram descobertos na sexta-feira por residentes no distrito de Moamba e posteriormente identificados por familiares na morgue do Hospital Central de Maputo.
José Coutinho era um dos três suspeitos do homicídio, há um ano, do procurador Marcelino Vilanculo, que investigava raptos de homens de negócios e que envolveriam o próprio Coutinho.
Dos três suspeitos do assassínio de Vilanculo, só um, Amade António, está preso, dado que Abdul Tembe “escapou” em Outubro, levando na altura à detenção do director e guardas da prisão, responsável prisional entretanto já solto.
A forma como aconteceu o ataque ao carro celular na baixa de Maputo, há 12 dias, está a ser investigada.
A Procuradoria-Geral da República de Moçambique anunciou ter sido “ordenada uma averiguação com vista a apurar as circunstâncias que determinaram a fuga, para posteriores procedimentos legais”.
Na altura, quatro homens encapuzados saíram de um veículo ligeiro que barrou do caminho do carro celular e abriram fogo, afugentando os guardas e levando consigo José Coutinho e Alfredo Muchanga.
Redacção