Ocupadas principais

Ocupadas principais – Forcas coligadas de Moçambique e do Ruanda ocuparam no início desta semana as principais posições dos grupos armados ao redor da vila de Mocímboa da Praia, “quartel-general” dos insurgentes no Norte do país

Mocímboa da Praia, onde foi registado o primeiro ataque dos grupos insurgentes em Outubro de 2017, encontra-se cercada pela força conjunta e poderá ser recuperada, “a qualquer altura”, de acordo com diversas fontes das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas.

A força conjunta ocupou as posições dos insurgentes em Awasse e Diaca, em Mocímboa da Praia, tendo apreendido diverso material bélico dos rebeldes e abatido vários membros dos grupos armados.

O Redactor está na posse de imagens ilustrando esse cenário, algumas das quais não podemos inserir neste espaço por motivos éticos.

Após as operações da força conjunta, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique visitou esta terça-feira a localidade de Awasse, onde garantiu que a intenção é permanecer nos pontos ocupados.

“A tendência é de melhorar cada vez mais naqueles pontos onde as Forças de Defesa e Segurança, em conjunto com as forças ruandesas, estão a conquistar”, declarou à comunicação social Bernardino Rafael, avançando que os terroristas em Mocímboa da Praia vandalizaram várias infraestruturas, com destaque para a rede elétrica.

A vila costeira de Mocímboa da Praia, por muitos apontada como a “base” dos insurgentes, é uma das principais do Norte da província de Cabo Delgado, situada 70 quilómetros a Sul da área de construção do projeto de exploração de gás natural conduzido por várias petrolíferas internacionais e liderado pela Total.

Bernardino Rafael, Comandante Geral da PRM, em Awasse

Três objectivos principais desta visita: demonstrar publicamente o avanço da tropa, moralizá-la e ainda avaliar e perspectivar mecanismos de reabilitação de infra-estruturas tidas como fundamentais para devolver a vida naquele ponto do País e em toda a região norte de Cabo Delgado.

Por isso, Bernardino Rafael vi­sitou Awasse na companhia do direc­tor da Electricidade de Moçambique em Cabo Delgado, Gildo Marques, e ainda o director técnico provincial da Movitel, Mohamed Hassin.

No terreno, os dois técnicos viram uma situação aterradora: destruição total. Pouco ou nada se aproveita. Os terroristas destruíram tudo e com intenção de impedir que haja vida normal naquela região.

Depois de uma avaliação, que se pode considerar bastante preliminar, o director da Electricidade de Moçam­bique foi claro e categórico. A única coisa que se pode fazer para devolver energia a toda região norte é construir uma nova subestação. A que existiu não se recupera. Não se reabilita.

“Do que já vimos, praticamente a subestação está destruída, como podem ver. Tanto o transformador, os reacto­res…tudo está praticamente destruído. Aqui, em termos de aproveitamento, não se aproveita quase nada. Mesmo o edifício está destruído, como podem ver. O que pode se dizer em termos de inves­timento é construir uma nova subestação e isso não é coisa barata” – explicou Gildo Marques, falando aos poucos jornalistas que também puderam fazer parte da comitiva de Bernardino Rafael.

Idêntica abordagem foi feita pelo técnico da Movitel. Ele apontou que o essencial da infra-estrutura de suporte às comunicações para a localidade de Awasse e para muitos pontos da região norte de Cabo Del­gado está destruída.

Alguns dos artefactos apreendidos aos insurgentes durante as refregas

“Tivemos alguma vandalização dentro da nossa estação. Tivemos um total de seis baterias danificadas. E o equipamento de transmissão principal também vandalizado. Neste momento, vamos sentar e avaliar os danos para o mais cedo possível restabelecermos as comunicações, não só para a zona de Awasse, mas também para toda a zona norte da província” – anotou ele.

Segundo se sabe, desde a ocu­pação da vila sede de Mocímboa da Praia, há sensivelmente um ano, que toda a região norte de Cabo Delgado está sem energia eléctrica da rede pública. Distritos como Palma, Nangade, Muidumbe, Mueda e Mo­címboa da Praia estão desprovidos de electricidade.

Efectivos das tropas do Governo moçambicano e do Ruanda em Awasse

As Forças de Defesa e Segurança de Moçambique contam, desde o início de Julho, com o apoio de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o Governo moçambicano e as autoridades de Kigali.

Além do Ruanda, Moçambique terá apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), num mandato de uma “força conjunta em estado de alerta” aprovado em 23 de Junho, numa cimeira extraordinária da organização em Maputo que debateu a violência armada naquela província, havendo militares de alguns países-membros já no terreno.

Não é publicamente conhecido o número de militares que a organização vai enviar a Moçambique, mas peritos da SADC, que estiveram em Cabo Delgado, já tinham avançado em Abril que a missão deve ser composta por cerca de três mil soldados.

Grupos armados aterrorizam a província de Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Na sequência dos ataques, há mais de 3.100 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas. (Ocupadas principais)

Redactor

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