ONU negoceia com Nhongo

ONU –  Organização das Nações Unidas, por intermédio do seu representante especial em Moçambique, está a negociar com a ala renegada da RENAMO, liderada pelo general Mariano Nhongo, na tentativa de reaproxima-la à liderança de Ossufo Momade.

Esta indicação foi feita esta segunda-feira pelo próprio presidente da RENAMO, general Ossufo Momade, em entrevista à Rádio Mais, em Maputo.

Ossufo Momade diz ter recebido do representante da ONU em Moçambique, este domingo, a indicação de que Mariano Nhongo rejeitou os esforços da Organização das Nações Unidas.

“[Mariano] Nhongo disse que não aceita negociar com Ossufo Momade porque nem o conhece”, disse o presidente da RENAMO, citando o representante especial da ONU em Moçambique, na rubrica “Matabicho” da Rádio Mais.

No segundo semestre de 2019 o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, nomeou Mirko Manzoni, embaixador da Suíça em Maputo, como seu enviado pessoal para Moçambique, no âmbito dos esforços da pacificação da antiga colónia portuguesa na África Oriental austral. 

Na entrevista, Ossufo Momade disse que o que mais o preocupa é a violência contra civis e seus bens desencadeada pelos homens sob a direcção de Mariano Nhongo, a quem não confere capacidade militar suficiente para enfrentar os homens da RENAMO sob sua liderança.

“Mariano Nhongo não tem capacidade militar suficiente para atacar as bases militares da RENAMO, só pode ameaçar os ‘miúdos’ (militares) do Governo”, avaliou Ossufo Momade.

Prosseguindo nos seus comentários em torno de Mariano Nhongo, Ossufo Momade desvalorizou alegadas habilidades militares do general dissidente, comentando que “quando eu fui nomeado general (pelo falecido presidente Afonso Dhlakama) Mariano Nhongo era um simples sabotador”.

Anterior nega

Esta nega de Nhongo em dialogar com o presidente da RENAMO não é nova. Na semana passada o líder da auto-procla­mada Junta Militar da Renamo rejeitou a mediação do Conselho Cristão de Moçambique (CCM) para um diálogo com a direcção do partido da “perdiz”.

Mariano Nhongo diz que pode apenas negociar com o Governo do partido Frelimo, estabelecido em Maputo.

Mariano Nhongo disse no passado dia 28 de Fevereiro deste 2020 que o grupo que lidera já enviou uma carta reivindicativa ao Governo, ainda sem resposta, para renegociar a desmobilização, desar­mamento e reintegração social, devido à “falta de honestidade no processo conduzido pelo Governo e Ossufo Momade”.

“Eu rejeitei os cristãos (Conselho Cristão de Moçambique) andarem a buscar-me para negociarmos. O que vou negociar com eles se já mandei o documento (carta de reivindicação) ao Governo?”, questionou Nhongo por telefone.

“Teria dificuldades de ser media­do com as igrejas”, acrescentou.

O líder da facção militar da Renamo disse que o grupo que dirige é fruto da desonestidade no cumprimento dos consensos entre o líder histórico, Afonso Dhlakama, e o Governo sobre o en­quadramento do braço militar do maior partido da oposição nas forças estatais.

“A Renamo está armada nas matas e não sabemos o nosso futuro. Até quando seremos enganados?”, concluiu.

No passado dia 24 de Fevereiro deste 2020 o Conselho Cristão de Moçambique, em Sofala, manifestou a sua disponibilidade para mediar a crise entre a liderança da RENAMO e a autoproclamada Junta Militar.

(Correio da manhã de Moçambique)

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