Oremos pelos órgãos eleitorais
Oremos – Foi, no dia 06 de Agosto de 2019, assinado o terceiro acordo de paz para Moçambique, com muita pompa e relativamente pouco entusiasmo popular, apesar de um forcing para que tal efectivamente sucedesse.
A relativa indiferença popular é fundada: não é pela falta de acordos de paz que Moçambique volta e meia mergulha em crises políticas que ciclicamente resvalam para a violência armada. E (quase) todos sabemos quem são os geradores desses dramas mortíferos.
Não custa negociar acordos de paz, muito menos assiná-los. O que custa é o seu rigoroso cumprimento, no espírito e na letra.
Também não custa falar bonito, chamar o adversário de irmão, abraça-lo até, mas quando, por detrás, há maquinações maquiavélicas, a desejada paz, aliás, o calar das armas, será sempre cíclico e simplesmente efémero.
Porque (quase) todos sabemos quem são os geradores desses dramas mortíferos, apenas nos resta apelar a quem de direito para focar quase todos os esforços de educação cívica já em marcha, neles: falo dos órgãos eleitorais e, adicionalmente, o Conselho Constitucional, que repetidamente valida resultados de pleitos marcadamente irregulares.
Acredito que este terceiro acordo pode dar certo, desde que o fundamento não seja apenas a aceitação por todos, dos resultados eleitorais de 15 de Outubro de 2019.
Julgo que apenas se torna justo o apelo ao reconhecimento dos resultados eleitorais se o processo eleitoral tiver sido justo, também. E o processo eleitoral é composto por diversas etapas.
Essas etapas devem ser cumpridas com lisura, aos olhos de todos os concorrentes, principalmente.
Antes de apelar ao reconhecimento dos resultados eleitorais nos devemos interrogar, todos, como “irmãos”, se o processo eleitoral foi limpo ou não, por que caso contrário, seria o mesmo que pedir a um medíocre para aceitar que é medíocre ou a um cadáver para dizer ao cangalheiro que efectivamente finou.
Julgo que o segredo para tudo dar certo é apelar a que todos para que oremos pelos gestores dos órgãos eleitorais para pautarem o seu desempenho pela honestidade e justiça, porque caso contrário podemos correr o risco de celebrar um quarto acordo de paz e reconciliação definitivo, talvez com acréscimos de palavras tais como “de vez”, o que seria o cúmulo da vergonha para Moçambique, porque mesmo três acordos de paz já são em demasia, para gente/país que se preze.
Oremos pelos órgãos eleitorais, irmãos, porque são eles, largamente, as fontes das tensões e conflitos político-militares pós-eleitorais.
Moçambique não é carente de acordos de paz, mas de paz genuína e não fingimentos.
Sabe-se que há muitos recursos em perspectiva, mas, por favor, nos deixem (sobre)viver e trabalhar em paz. Moçambique e os moçambicanos primeiro!
REFINALDO CHILENGUE
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 09 de Agosto de 2019, na rubrica semanal denominada TIKU 15 !
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