Os efeitos das ondas de choque das manifestações em Nampula
Comerciantes dos principais mercados da cidade de Nampula, capital da província nortenha moçambicana com o mesmo nome, queixam-se dos penalizadores efeitos das manifestações que assolam Moçambique desde 21 de Outubro de 2024.
Os que exercem as suas actividades no mercado grossista do Waresta, o maior a céu aberto na região Norte de Moçambique, são a “fotografia” inequívoca desse quadro, onde o maior clamor dos operadores é a falta de clientes e baixas substanciais de arrecadação de receitas.
Batata, tomate, cebola, entre outros de fácil deterioração são os produtos que mais prejuízos causam aos comerciantes devido à pouca procura, associada à baixa capacidade financeira da maioria dos cidadãos, principalmente neste mês de Janeiro, geralmente tido como o mais penoso para muitos consumidores.
Alberto José, um dos vendedores de cebola no Waresta, disse ao Redactor que antes da eclosão dos tumultos a sua facturação diária era, em média, de aproximadamente vinte mil meticais, mas hoje este ganho caiu para oito mil meticais.
“Não há clientes e o ambiente de vendas e péssimo, isto tudo por conta das manifestações”, sublinhou Alberto José, que pede às partes envolvidas na disputa política que inquina o ambiente de negócios para que enveredem pela moderação e busca de soluções negociadas o mais rapidamente possível.
O pensamento de Alberto José é secundado por Xavier Jamisse, outro comerciante do mercado Waresta, igualmente abordado pela nossa Reportagem.
“O comércio não está a andar devidamente. Só para ter exemplo: os custos aumentaram de forma assustadora, o saco de cebola de dez quilogramas que adquiríamos a 1500 meticais, disparou para 4500 e não ganhamos absolutamente nenhuns. Apenas conseguimos pouco lucro para sustentar as nossas famílias”, lamentou Xavier Jamisse.
Orlando Horácio, vendedor de feijão, diz que muita coisa esta a falhar no comércio na sequência das manifestações violentas, facto que, como comerciante, lhe preocupa, uma vez que esta é a base de sua sobrevivência e da sua família.
De referir que, a actividade comercial na cidade de Nampula decorre de forma tímida, devido a especulação acentuada de preços de produtos alimentares e debilidade financeira da maioria dos consumidores.
As manifestações alegadamente em contestação ao processo eleitoral começaram no dia 21 de Outubro, lideradas por Venâncio António Bila Mondlane, que não reconhece os resultados oficiais e irrecorríveis que o colocam em segundo lugar.
Os tumultos já resultaram na morte de quase 300 pessoas, perto de 600 feridos por baleamento e várias instituições públicas e privadas foram vandalizadas.
ELINA ECIATE, em Nampula