Os Zig-Zagues do FMI

O Fundo Monetário Internacional (FMI) disse à Lusa que o incumprimento financeiro de Moçambique (‘default’) não inviabiliza um eventual programa de apoio por parte do Fundo, cujas discussões vão continuar na primeira metade deste ano.

“As discussões sobre um novo e eventual programa suportado pelo FMI vão continuar durante a primeira metade deste ano”, disse um porta-voz do Fundo, notando ainda que não é possível dar mais pormenores sobre o andamento e prazos das conversações.

As declarações do gabinete de imprensa do FMI à Lusa surgem depois de, na semana passada, o vice-director do departamento de comunicação, William Murray, afirmar em conferência de imprensa que o Fundo pode fornecer apoio financeiro a países com dívidas em atraso.

“O Fundo pode providenciar apoio financeiro a países membros com dívidas externas atrasadas a credores privados, desde que o apoio do Fundo seja considerado essencial para a implementação com sucesso do programa de ajustamento do país membro, e que o país membro esteja a implementar políticas adequadas e faça um esforço de boa fé para alcançar um acordo colaborativo com os seus credores privados”, disse William Murray na conferência de imprensa regular da semana passada, em Washington.

Questionado pela Lusa sobre quem avalia os esforços económicos do país, o gabinete de imprensa respondeu que “essa é uma determinação pelo conselho de administração”, o que significa, na prática, que o FMI pode avançar para um programa de ajuda financeira, se Moçambique o solicitar, mesmo estando o país com dívidas atrasadas, ou seja, em incumprimento financeiro.

Na quinta-feira, o Fundo emitiu também uma nota de imprensa dando conta de que não expressou qualquer opinião sobre a decisão de Moçambique de não pagar a prestação de Janeiro da emissão de USD 727 milhões em títulos de dívida soberana, lançados em Abril do ano passado.

“O FMI não expressou qualquer ponto de vista sobre as prioridades de pagamento de dívida do país”, disse o representante permanente no país, Ari Aisen, sublinhando que William Murray “limitou-se a esclarecer a política do FMI relativa ao apoio financeiro aos seus países-membros com [montantes] atrasados externos a credores privados”.

Moçambique entrou hoje oficialmente em incumprimento financeiro, depois de terminar na quinta-feira o período de tolerância para o pagamento de USD 60 milhões referentes à prestação de janeiro da emissão de dívida pública feita em Abril.

Redcação & LUSA

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