Ossufo Momade: Gorongosa
O coordenador interino da RENAMO, o general Ossufo Momade, que lidera temporariamente este partido na sequência da morte do seu líder histórico, Afonso Macacho Marceta Dhlakama, passa, doravante, a residir nas montanhas adstritas à serra da Gorongosa, por decisão da Comissão Política da “perdiz” que esteve reunida entre domingo e esta segunda-feira, em Sadjundjira, província central moçambicana de Sofala.
Esta informação foi confirmada ao jornal Correio da manhã pelo porta-voz oficial da RENAMO, o deputado José Manteigas.
Este responsável da RENAMO referiu que a decisão de Ossufo Momade, de 57 anos de idade, passar a residir “algures no distrito de Gorongosa” foi tomada no decurso da “quinta sessão extraordinária da Comissão Política do partido REMAMO alargada a diversos quadros do partido”.
José Manteigas especificou que a reunião magna da RENAMO entre congressos decorreu na região de Sadjundjira, no distrito de Gorongosa, na província central moçambicana de Sofala.
A fonte referiu que entre os participantes na reunião realizada entre os dias 03 e 04 deste Junho em Sadjundjira participaram, para além de diversos quadros da RENAMO aos mais variados níveis, “altas patentes militares do Comando Geral” do partido.
“Ficou decidido que o general Ossufo Momade, na sua qualidade de coordenador interino da RENAMO, deve residir algures no distrito de Gorongosa, parte integrante do território nacional, até à resolução da questão da integração dos homens residuais armados do partido”, disse Manteigas, num contacto telefónico com o jornal Correio da manhã.
Magumisse diz o mesmo
As declarações de Manteigas foram feitas quase que em simultâneo com uma conferência de imprensa que estava a ser concedida em Sadjundjira pelo “porta-voz da 5ª sessão extraordinária da Comissão Política do partido REMAMO alargada a diversos quadros do partido”, engenheiro Alfredo Magumisse.
Alfredo Magumisse fez questão de apelar “à calma” a quem o quis ouvir, alegadamente porque “o mais importante é que o diálogo entre a direcção interina da RENAMO e o presidente da República prossegue”.
“A Comissão Nacional do partido RENAMO exorta aos membros, simpatizantes e população em geral para continuar com calma visando a preparação e participação nos processos eleitorais em curso [sic]”, afirmou Magumisse.
“Como é que as conversações vão prosseguir? O tempo assim o dirá”, disse Magumisse, a jornalistas, em Sadjundjira.
A decisão da mudança de residência do esquivo e discreto coordenador da Renamo da cidade de Maputo para “algures no distrito de Gorongosa” apanhou alguns observadores de surpresa na capital moçambicana de onde rapidamente surgiram interpretações e comentários diversos em torno da mesma.
Mas os mais atentos já vaticinavam a subida de Ossufo Momade ao estratégico cume da serra da Gorongosa, “para apaziguar os guerrilheiros e dar explicações detalhadas sobre a nova ordem”, como escrevia na sua edição do passado dia 11 de Maio deste 2018 o semanário Savana.
A única dúvida que este semanário colocava sobre o desfecho da ida de Ossufo Momade à serra da Gorongosa era: “não se sabe se de lá voltará”.
Tal como Dhlakama, antes de aderir à RENAMO, Momade, natural de Nampula, militou como soldado das governamentais Forças Populares de Libertação de Moçambique (FPLM) até à sua “captura” pelo próprio falecido líder da “perdiz” num feroz combate em Ribáue, na sua província natal, em 1978.
Na RENAMO Ossufo Momade teve um percurso fulgurante, ao ponto de assumir as funções de secretário-geral do partido (2008/2012).
Depois da morte de Dhlakama com 65 anos de idade no passado dia 03 de Maio deste 2018 a Comissão Política da RENAMO elegeu, “unanimemente”, durante uma reunião na cidade da Beira, o tenente-general Ossufo Momade para o cargo de coordenador do partido até à eleição do novo líder em congresso da organização.
Dhlakama, natural de Chibabava, província de Sofala, oficialmente morreu vítima de doença. Os seus familiares rejeitaram a realização de autópsia aos seus restos mortais, alegadamente “para evitar mais problemas”.
Redacção