País atípico

País atípico – Todos e tudo têm momentos altos e baixos, bons e maus, mas os casos dos moçambicanos e de Moçambique são simplesmente atípicos.

Um regime e a maioria das respectivas instituições a passar por momentos de profunda crise e descrédito, mas ao mesmo tempo com um conjunto de forças de oposição bestialmente desorganizadas e divididas sem a menor capacidade de tirar proveito da situação.

Dói admitir, mas é uma realidade de que em Moçambique vivemos num Estado de Direito nominal, com tanta patifaria a passar impune!

O cinismo, a calma e a desfaçatez com que alguns canalhas espezinham este povo é uma ofensa a qualquer pessoa de bem, independentemente da linha política que comunga/defende.

Agrava o quadro porque o cenário é tão atípico que os partidos políticos que oficialmente se constituem para concorrer pela alternância democrática na gestão da coisa pública nada mais fazem, senão digladiarem-se por causa do dá cá essa palha: uma classe sem classe.

São algumas ONG e as ditas OCS que por vezes fazem algo sério. A media desgarrada, essa, na sua maioria sem meios, vai remando contra a maré.

A maioria das instituições nacionais e estrangeiras que têm recursos por vezes os esbanjam patrocinando agremiações cinzentas e praticamente inúteis.

Voltando à vaca fria: como um dia o finado político luso Mário Soares disse: os políticos são como os vinhos, havendo boas e más colheitas, seja na posição, como na oposição.

Convenhamos, a actual nossa [classe política] parece estar muito longe de ser das melhores.

A melhor “colheita” de políticos que Moçambique teve foi da maioria dos percursores da luta anti-colonial e dos combatentes pela democracia — Eduardo Mondlane, Samora Machel, André Matsangaissa e Afonso Dhlakama, por exemplo. Os que lhes sucederam, pese uma ou outra excepção, não tiveram a mesma dimensão.

Mais impressionante ainda é notar que a maioria dos actuais políticos apenas se esforça em cavar o fosso entre os governantes e governados, entre os eleitos e os eleitores.

Todo o mundo assistiu a vergonha dos deputados de uma certa bancada da “oposição” na autarquia da Matola esta quinta-feira. É óbvio que depois surgirão mil e um argumentos para justificar o injustificável. O certo é que facadas nas costas já começaram e se repetirão.

Vejam só aquela palhaçada do “distanciamento” da atitude de Muchanga em relação ao gesto para com o seu colega no Parlamento, o Chang! Uff, que apelidos…

Será que não havia mais nada sério a fazer/falar no ninho da perdiz?

É nestas circunstâncias que se nota que alguns sujeitos se revelam excelentes poetas e brilhantes encenadores quando calados e quietos.

Até apetece perguntar se andará por lá a figura de assessor de imprensa.

Partidos e indivíduos existem que fazem melhor quando se matem afundados nas suas próprias fragilidades/debilidades, do que quando se pronunciam ou se mexem.

Será desta forma que a actual oposição pretende ascender ao poder?

Será que acreditam [os tais partidos políticos da oposição] que basta proclamar a necessidade de alternância do poder, e num estalar de dedos já está?

Irmãos da posição e da oposição, moçambicano de hoje não é o de há duas ou três décadas e jamais alinhará com amadores.

Infelizmente, os que sabem de engenharia eleitoral continuarão a fazer a sua eterna festa, para desespero da maioria do povo.

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 08 de Fevereiro de 2019, na rubrica semanal denominada TIKU 15 !

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