Pelos vistos somos todos…

Pelos vistos somos todos débeis , apesar de alguns acharem que são mais filhos de Deus do que os restantes seres que volta e meia são banhados pelos raios solares.

Lamentavelmente, apesar de a pandemia da Covd-19 ter deixado esta situação à vista de todos, ao colocar o mundo de pernas para o ar, atacando indiscriminadamente novos e velhos, nobres e plebeus, famosos e anónimos, honrados e indecorosos, ricos e pobres, escarnecendo de tudo e todos, há quem continua a não querer colocar os pés no chão.

“Excelências” há que, mesmo atingidos pela Covid-19, se recusam a assumir, por considerar que são mais que os plebeus.

Nesta “pátria amada” há ministros, gestores aos mais variados níveis, respectivo/as secretária/os e/ou ajudantes de campo atingidos, mas que de tudo fazem para esconder a situação, por se acharem, pura e simplesmente, mas, muitas das vezes, debalde, porque trabalham e convivem com os plebeus, que libertam a informação, de certa forma contribuindo para evitar mais contágios em larga escala.

Vénia nossa vai para algumas excepções honrosas, casos do ministro da Saúde, do presidente da Federação Moçambicana de Futebol, do Samora Machel Júnior, da musisista Lizha James, e outras “figuras públicas” que tudo fizeram para tornar o facto de terem sido infectados pela Covid-19 em oportunidade para prestarem um brilhante serviço à Nação.

É que a Covid-19 não escolhe. Para ela não importa o status, a modalidade que pratica, o estilo de vida, se são mais ou menos ricos, fortes fisicamente ou não tão fortes assim, mais velhos ou mais novos.

Até a alguns que, tal como Cristiano Ronaldo, tantas e tantas vezes quase nos fazem duvidar da sua condição de humanos, consta que foram ou estão infectados pela Covid-19.

Na esfera desportiva, a lista dos que estão a contas com a Covid-19 ou que já sofreram com ela é extensa, cada vez maior, e conta com vários nomes sonantes mundialmente.

O futebolista Neymar, o número 1 do Mundo do ténis, Novak Djokovic, a estrela do basquetebol Kevin Durant e o maior sprinter da história, Usain Bolt, por exemplo, estão entre esses atletas que já sabem o que é suportar o mesmo coronavírus que, desde o final de 2019, já matou milhões de pessoas em todo o Mundo.

Mbappé, Dybala, Di María, Thiago Alcântara, Zlatan Ibrahimovic ou Russel Westbrook são outros nomes sonantes desta “colectividade”.

A maioria dos dignitários infectados pela maldita e traiçoeira doença comunicou ser assintomática ou ter apenas sintomas ligeiros e foram poucos os que assumiram passar mal com a doença.

Gundogan, futebolista do Manchester City, foi uma destas excepções. “Primeiro, foram dores no corpo, depois comecei a sentir-me totalmente exausto, perdi o paladar e passei muito tempo de cama. Só alguns dias depois fiquei melhor”, disse o médio alemão.

Como muitos na lista, também ele se restabeleceu, enquanto outros ainda lutam pela recuperação, lá, como cá.

“Excelências”! Melhor caírem “na real” e acreditar que somos todos débeis. Pior para situações como a moçambicana, com quase tudo mal alicerçado, sistema de saúde incluído. Parece termos sido surpreendidos por uma a criança traquina e matreira, que gosta de se esconder, e surgir onde e quando menos contam com ela.

“Excelências” (algumas, claro), moçambicanas, caiam “na real”, admitam (também) quando são atingidos por situações menos brilhantes porque vós também sóis humanos e pelos vistos somos todos débeis.

A MINTHIRO IVULAVULA KUTLHULA MARITO (os actos falam/valem mais que os actos).

REFINALDO CHILENGUE

Este artigo ( Pelos vistos somos todos débeis) foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Correio da manhã, na sua edição de 16 de Outubro de 2020, na rubrica semanal TILU 15

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