PGR: prender para investigar
Prender para investigar- A Procuradoria-Geral da República (PGR) volta a ficar muito mal na fotografia, tudo por conta de um comunicado da Procuradoria Provincial de Nampula, a acusar formalmente Momade Rassul Rahim, um empresário local, de crimes de branqueamento de capitais e enriquecimento ilícito.
O tal indivíduo acaba de ser restituído à liberdade mediante o pagamento de caução.
No referido comunicado que faz algum furor nas redes sociais, o Ministério Público menciona o nome do indiciado, apesar de este gozar do direito de presunção de inocência.
Gera estranheza, gozo e escárnio nos meios forenses que a PGR, no lugar de garantir a justiça e o cumprimento da lei, ser a primeira entidade a dar valentes pontapés na mesma.
A PGR afirmava no seu documento que “neste momento o arguido encontra-se em prisão preventiva e outras diligências estão sendo feitas com vista à formação de corpo delito e consequente responsabilização criminal do arguido”.
Quer dizer, as diligências para a formação do corpo de delito estavam sendo feitas enquanto o suspeito aguardava nas celas pela sua conclusão…
Há muitos anos que a PGR andou num coro de choramingação pela obtenção de meios para o exercício da sua actividade. Foi bafejada por um sumptuoso edifício e acreditamos que no seu interior se encontrem meios modernos para a recolha de provas. Prender para investigar deve passar para o passado.
A PGR, como já aqui dissemos, tem muito trabalho e não precisa de andar a entreter a sociedade com comunicados disto e aquilo.
A PGR, como já aqui nos referimos, tem elementos bastantes para começar a confiscar os bens daquele grupo que em nosso nome colectivo e sem consulta, endividou o país e tramou a pátria.
A PGR, que leu na íntegra o relatório presenteado pela Kroll, deve ir atrás dos 500 milhões de dólares norte-americanos cujo destino não está explicado; deve ir atrás da rota do desvio de 713 milhões de dólares norte-americanos que foram “comidos” em esquemas de sobrefacturação das mercadorias e cerca de aproximadamente 200 milhões de dólares norte-americanos foram gastos em comissões pagas aos bancos e a outros agentes que intermediaram os empréstimos!!!.
É isso que se espera desta PGR.
Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: PGR, até quando prender para investigar?
LUÍS NHACHOTE
Este artigo foi publicado em primeira mão na versão PDF do jornal Correio da manhã no dia 13 de Julho de 2017, na rubrica semanal intitulada DO LADO DA EVIDÊNCIA