PMDP lamenta excluão

 

O Painel de Monitoria do Diálogo Político (PMDP), que integra organizações não-governamentais que debatem as negociações de paz em Moçambique, lamentou hoje o facto de o diálogo político ter sido retomado sem a presença da sociedade civil.

“Lamentamos o facto de as conversações terem sido restabelecidas sem a presença de membros da sociedade civil”, disse à imprensa Roberto Tibana, membro do PMDP durante uma conferência de imprensa hoje em Maputo.

Segundo o PMDP, o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) principal partido de oposição, haviam manifestado abertura para a participação da sociedade civil no processo negocial em curso no país, visando a restauração da estabilidade política.

“Estamos em contacto com eles, mas até agora não tivemos uma resposta positiva”, acrescentou Roberto Tibana, observando que a intenção dos membros das organizações da sociedade civil é apenas “observar o processo”, para informarem o povo do que realmente está a acontecer.

A exigência do envolvimento de membros de organizações da sociedade civil nas negociações para a paz surgiu no âmbito da conferência Pensar Moçambique, organizada pelo Parlamento Juvenil, em Julho.

O encontro culminou com a emissão de quatro cartas, destinadas ao Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ao líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e aos chefes das delegações das duas partes nas negociações, Jacinto Veloso, do Governo, e José Manteigas, do maior partido de oposição.

“Continuamos preocupados com o rumo que as coisas estão a tomar e, como todos os moçambicanos, nós queremos paz”, afirmou Roberto Tibane, alertando para as consequências da disseminação de um discurso de guerra por parte das lideranças políticas moçambicanas, num momento em que as negociações decorrem.

Governo e Renamo retomaram na segunda-feira as negociações de paz, após cerca de três semanas de interregno, a pedido dos mediadores internacionais, mas à saída do encontro não prestaram declarações à imprensa.

A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.

As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques nas últimas semanas em localidades das regiões centro e norte, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da empresa mineira brasileira Vale.

Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento de dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear a serra da Gorongosa.

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