PMI: Governos e cigarros

PMI   A Philip Morris International (PMI) está a passar por uma transformação fundamental do seu modelo de negócio com o objetivo de eliminar o cigarro e comercializar produtos livres do fumo. Estes produtos, que não são comercializados em Moçambique, estão hoje presentes em mais de 60 países. O porta-voz científico da empresa, Dr. Nuno Fazenda, explica esta transformação radical, a abordagem científica por trás deste produtos livres de fumo e importantes recentes desenvolvimentos nos Estados Unidos.

A Philip Morris International (PMI) tem sido um líder na produção e venda de cigarros no mundo. Pode nos explicar a razão porque a PMI procura agora atingir o objetivo de um futuro livre de fumo? Quais são os principais desafios que tem de enfrentar para atingir este objetivo?  

Todos nós sabemos que fumar provoca várias doenças graves. No entanto, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de fumadores no mundo (hoje mais de mil milhões) continuará provavelmente a ser superior a mil milhões em 2025, apesar dos esforços contínuos e necessários empreendidos pelos governos em termos de prevenção e cessação tabágica durante as últimas décadas.

É portanto claro que medidas adicionais são necessárias para acelerar a redução da carga de doenças associadas ao fumo de cigarro. É também óbvio que uma implementação eficaz destas medidas requer uma colaboração e diálogo com a indústria, especialistas em saúde pública e agências reguladoras. A estratégia da redução de danos, ou a disponibilização de alternativas menos nocivas para os fumadores que, de outra forma, continuariam a fumar cigarros, faz parte dessas medidas.

Nesse contexto, e conforme anunciado pelo nosso diretor-geral há alguns anos atrás, decidimos adoptar uma mudança radical na visão estratégica da nossa empresa: desenvolver alternativas cientificamente comprovadas como sendo menos nocivas que o cigarro. Essas alternativas são produtos que não envolvem a combustão do tabaco, processo que hoje é conhecido por ser a principal causa de doenças associadas ao fumo de cigarro. Por conseguinte, estes novos produtos sem combustão não produzem fumo mas sim um aerossol que contém muito menos quantidades médias de substâncias tóxicas e cancerígenas do que o fumo de cigarro.

Deve ficar claro que estes produtos sem combustão não são isentos de risco (nem se destinam a não-fumadores ou menores). A melhor opção para os fumadores, continua a ser deixar de consumir qualquer produto à base de tabaco ou nicotina.

Para atingir os nossos objetivos relacionados com esta transformação, a grande maioria dos nossos recursos foram redirigidos de forma a poder acelerara transformação – por exemplo, no final de 2019, cerca de 71% das nossas despesas comerciais e cerca de 98 % das nossas despesas I&D foram dedicadas aos produtos sem combustão.

Esta transformação também requer uma colaboração e um diálogo constante com diversas partes externas, tais como entidades de saúde pública e agências reguladoras, pois é fundamental poder ser capaz de comunicar aos fumadores que de outra forma continuariam a fumar cigarros, sobre a existência de alternativas menos nocivas. Uma vez que a ciência nos diz que produtos sem combustão são fundamentalmente diferentes dos cigarros, acreditamos naturalmente que a regulamentação deverá proporcional à nocividade e encorajar os fumadores que de outra forma continuariam a fumar cigarros para alternativas menos nocivas e, ao mesmo tempo, prevenir que não fumadores e menores utilizem estes produtos.

Embora algum progresso tenha sido feito a esse respeito, muito trabalho e esforço estão ainda à nossa frente – em muitos casos hoje, uma abordagem baseada na ciência para a formulação de políticas de saúde pública é substituída por uma luta ideológica contra a indústria e tudo aquilo que vem da indústria. Por outras palavras, o objetivo principal – que deve ser o de reduzir de forma global a carga de doenças associadas ao fumo de cigarro – é substituído por uma obsessão de destruir a indústria de qualquer maneira. Acreditamos que estas lutas pertencem ao passado e só uma abordagem científica deve determinar as políticas de saúde pública.

Qual é a diferença entre IQOS e o cigarro tradicional? E o cigarro eletrónico ?

IQOS é um produto de tabaco aquecido. É composto por um dispositivo eletrónico dentro do qual uma lâmina aquece eletronicamente o tabaco de forma controlada, abaixo das temperaturas a partir das quais ocorre a combustão, de forma a criar um aerossol que contém com nicotina e aromas. Este aerossol é fundamentalmente diferente do fumo do cigarro tradicional (com combustão) uma vez que as quantidades médias de substâncias tóxicas e cancerígenas são drasticamente reduzidas (em mais de 90% em média), em comparação com o fumo de cigarro. Esta redução foi confirmada por um número crescente de estudos independentes conduzidos por terceiros, incluindo diferentes entidades governamentais como o Instituto Alemão de Avaliação de Riscos (BFR).

De forma global, todos os nossos dados científicos apontam na direcção de um potencial risco reduzido do IQOS em comparação com os cigarros tradicionais. (PMI Philip Morris International )

Os cigarro eletrónicos diferem dos produtos de tabaco aquecido na medida em que não contêm tabaco.

Num cigarro eletrónico, um “e-líquido” que contém aromas, nicotina, glicerina e propilenoglicol é aquecido de forma controlada para criar um aerossol inalado pelo consumidor. É uma maneira diferente de criar um aerossol cuja composição é também fundamentalmente diferente da do fumo de cigarro.

Desde que haja regulamentação adequada para garantir a qualidade do produto e enquadrar as práticas de comunicação e comercialização (de forma a evitar que não fumadores e menores tenham acesso a esses produtos), tanto os cigarros electrónicos como os produtos de tabaco aquecido são melhores alternativas para fumadores que, de outra forma, continuariam a fumar cigarros.

A Agência dos Estados Unidos para Alimentos e Medicamentos (FDA) fez recentemente um anúncio relativo ao IQOS. Será que pode explicar a decisão tomada pela FDA?

Na decisão comunicada a 7 julho de 2020, a FDA autorizou a comercialização do IQOS no mercado dos EUA, enquanto Produto de Tabaco de Risco Modificado (MRTP) permitindo mensagens de exposição reduzida a substâncias nocivas e potencialmente nocivas. Esta decisão constitui um marco histórico na medida em que o IQOS é o primeiro produto eletrónico a receber esta autorização. (PMI)

De forma mais específica, 3 mensagens foram autorizadas pela FDA, uma vez que comprovadas de forma científica: 1) “O sistema IQOS aquece o tabaco, mas não o queima”, 2) “Isso reduz de forma significativa a produção de substâncias nocivas e potencialmente nocivas”, e 3) “Estudos científicos demonstraram que passar complementamente dos cigarros tradicionais ao sistema IQOS reduz de forma significativa a exposição do seu corpo a substâncias nocivas e potencialmente nocivas”.

No seu comunicado, a agência também afirmou que esta autorização é apropriada para promover a saúde pública e prevê que “beneficie a saúde pública, tendo em conta tanto os utilisadores de produtos de tabaco como as pessoas que atualmente não usam produtos de tabaco.”

Finalemente, embora mensagens relativas à redução no risco de doenças não tenham sido autorizadas pela agência, a FDA também concluiu que “é razoavelmente provável observar em estudos futuros uma redução mensurável e significativa na morbidade ou mortalidade nos utilisadores individuais de tabaco”.

Através desta autorização, a agência reconheceu que nem todos os produtos de tabaco e nicotina são iguais – diferentes produtos coexistem num contínuo de nocividade/risco, sendo os cigarros tradicionais o produto mais nocivo neste contínuo – e que o IQOS é fundamentalmente diferente dos cigarros tradicionais.

Por que razão é a decisão da FDA importante para os outros países além dos EUA?

Através deste quadro regulamentar, que especifica não só os tipos de dados/estudos que devem ser submetidos à agência por parte dos fabricantes para autorizar estes produtos no mercado mas também os mecanismos de vigilância necessários para manter o produto no mercado, a FDA fornece um exemplo importante de como regulamentações baseadas na ciência podem promover a saúde pública e minimizar resultados indesejáveis. (PMI)

Também mostra que um diálogo contínuo com a indústria é fundamental para tratar de questões complexas e globais de saúde pública como o tabagismo, e que governos e instituições de saúde pública não podem resolver estas questões de forma isolada.

Esperamos que outros países vejam o exemplo da FDA de forma a desenvolver e implementar regulamentações baseadas na ciência, proporcionais ao risco e que reconheçam o papel que a tecnologia poder ter para tratar questões globais de saúde pública.

Quais são as próximas etapas para a PMI em termos comerciais e de desenvolvimento de produtos sem combustão?

Hoje, o IQOS já está presente em 61 países e é utilizado por mais de 16.4 milhões de consumidores a nível mundial, dos quais 11.7 milhões já deixaram de fumar cigarros e passaram exclusivamente a IQOS.

Vamos continuar a expandir a nossa presença geográfica e a alargar o nosso porfólio de produtos sem combustão, com o objetivo de ter pelo menos 40 milhões de consumidores destes produtos até 2025.

Para que esse objectivo seja alcançado, é fundamental que possamos trabalhar com governos e agências reguladoras em todo o mundo de forma a que fumadores adultos que de outra forma continuariam a fumar tenham acesso a informações cientificamente correctas.

Os produtos sem combustão representam uma grande oportunidade em termos de saúde pública para diminuir a carga de doenças associadas ao fumo de cigarro muito mais rapidamente do que antes.

Redactor

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