Pobreza: Redução lenta
Um estudo lançado pelo Banco Mundial revela que a pobreza tem reduzido a um ritmo lento em Moçambique, apesar dos altos níveis de crescimento económico que têm sido registados nas duas últimas décadas, numa média de 7.9 por cento.
O documento, intitulado “Acelerando a Redução da Pobreza em Moçambique: Desafios e Oportunidades”, lançado na Universidade Politécnica, na última quarta-feira, 7 de Dezembro – referente ao período de 1997 e 2009 – indica que por cada por cento de crescimento económico, a pobreza apenas reduziu 0,26 % em Moçambique, contra a média de 0.5 % da região da África Austral.
Situando-se em 52% em 2009, o índice de pobreza é alto tanto em termos regionais assim como em termos nacionais.
De acordo com o estudo, em 1993, um ano após o fim da guerra dos 16 anos, Moçambique era o terceiro país mais pobre do mundo e, em 2013, ocupava a 13º posição, à semelhança de países como Guiné-Bissau, Malawi, República Democrática do Congo, Burundi e Madagáscar.
Um outro dado revelado no estudo é a representação desproporcional da pobreza no País. De um modo geral, as zonas urbanas tendem a apresentar índices de pobreza mais baixos do que as rurais, e as províncias de Nampula e Zambézia apresentam índices mais elevados do que as restantes províncias do País.
Por exemplo, a cidade de Maputo tem o nível de pobreza mais baixo (10 %), contra 73 % da província da Zambézia. Mas, ao invés de reduzir, à semelhança do resto do País, a pobreza agravou-se entre 2003 e 2009 em Sofala, Manica, Gaza e Zambézia, que, juntas, representavam aproximadamente 70 % dos pobres de todo o País.
Para o director do Banco Mundial para Moçambique, Mark Lundell, três factores contribuíram para a fraca equidade na distribuição dos ganhos no País, nomeadamente o acesso desigual às oportunidades económicas em várias regiões e grupos de rendimento, baixa produtividade e baixo crescimento na agricultura baseada no mercado e elevada vulnerabilidade aos choques climáticos.
Como soluções, o estudo recomenda a concepção de políticas económicas que incentivem um crescimento mais inclusivo e de base ampla, através da promoção do maior acesso a serviços públicos (saúde, educação, água e saneamento) e ao mercado para as populações mais desfavorecidas.
O incremento dos níveis de produção e de produtividade associado à maior ligação ao mercado, a promoção da diversificação económica e da aceleração do crescimento do sector privado, o aprofundamento do investimento no capital humano e institucional no País e o fortalecimento dos sistemas formais e informais de gestão de risco para mitigar os efeitos das mudanças climáticas constam também entre as recomendações do estudo.
Por seu turno, o reitor da Universidade Politécnica, Lourenço do Rosário, considera que “este estudo deve servir de incentivo para reflectirmos sobre a pobreza em Moçambique, sobretudo na fase actual que o País atravessa”.
“Os discursos e a imprensa transmitem-nos as dificuldades que estamos a atravessar, mas nós, como universidade, optamos por contrariar essa tendência e fazer um discurso positivo, afirmativo. É nossa intenção prosseguir com vários estudos que nos permitam participar no combate contra a pobreza”, disse o reitor.
Na sua alocução introdutória, Mark Lundell, Director do Banco Mundial para Moçambique, Madagáscar, Seychelles e Ilhas Comores, enfatizou a importância da realização e divulgação de estudos que possam informar e alicerçar as políticas públicas e favorecer um desenvolvimento económico indutor da redução da pobreza e melhoria das condições de vida dos moçambicanos.
À margem do lançamento e debate sobre este relatório, foi assinado um memorando de entendimento entre a Universidade Politécnica e o Banco Mundial, através do qual as duas instituições se comprometem a colaborar na realização e divulgação de estudos de semelhante cariz.
REDACÇÃO