População de Mahubo poderá voltar a ter água “em breve”

Mais de 21 mil habitantes residentes em Mahubo, no distrito de Boane, na província meridional moçambicana de Maputo, voltarão a consumir água potável “em breve”, após quatro meses a disputar água de lagos e charcos com animais domésticos e selvagens, na sequência das inundações que afectaram a região em Fevereiro deste 2023.

A garantia foi feita por Helena Paiva, responsável pela empresa privada Águas de Mahubo, Lda, que assegurou que os esforços para a resolução do drama estão na fase conclusiva.

 “Estamos a fazer o nosso melhor para trazer água potável às comunidades o mais breve possível, se tudo correr bem ainda esta semana, apesar de alguns constrangimentos por causa de algumas falhas no fornecimento de electricidade”, referiu, ao Redactor, Helena Paiva.

A nossa interlocutora referiu que as inundações de Fevereiro deste 2023 danificaram o sistema de bombeamento da água, situação que para a sua resolução a sua empresa despendeu cerca de 19 milhões de meticais e acumulou “dívidas avultadas” junto da empresa estatal provedora de electrecidade.

Samuel Mussane, um dos chefes das casas em Mahubo 14, recebe com cepticismo a garantia da empresa Águas de Mahubo, Lda, com a justificação de que promessas idênticas foram feitas no passado, mas debalde.

Um rapaz buscando água imprópria para consumo humano, mas para esse efeito

“Pode não constituir a verdade, porque já nos fizeram este tipo de promessas, em vão”, diz Mussane, que ainda se queixa dos “elevados custos” cobrados pela empresa Águas de Mahubo, Lda, e clamam pela entrada em acção na zona da fornecedora pública.

“Afinal porque é que não trazem água do FIPAG –  Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água? ”, indaga Samuel Mussane.

Agastada com o drama da falta de água também anda Fátima Maurício, outra residente em Mahubo, que para contornar a situação contrata alguns jovens para acarretar água para ela e para o marido, actualmente enfermo.

“Estamos a passar mal. Já sofro de mazelas em diversas partes do corpo de tanto carregar água. Prefiro recorrer aos jovens que se oferecem para acarretar água a troco de alguns valores. Isto é insuportável”, desabafou Fátima Maurício.

Julieta é outra chefe de 10 casas em Mahubo 14 e deu a voz para se queixar dos valores dispendidos para consumir agua minimamente potável. “Optamos por comprar cloro porque a certeza não se mostra eficaz.  Só uma pequena quantidade de cloro custa 50 maticais, suficiente para tratar 200 litros de água”.

A moradora de Mahubo 10 Cristeza Sitóe diz, por seu turno, que muitos residentes naquela região até se sentem “esquecidos” pelo Governo, e aproveita para emitir um discurso a condizer com o momento político de Moçambique: “nem vontade de votar temos, porque os governantes não fazem nada por nós”.

Moçambique vai a eleições autárquicas em 60 municípios a 11 de Outubro deste 2023.  

Em Setembro de 2021, o Município de Boane, em parceria com o FIPAG a ADEM (Águas da Região de Maputo), lançou um projecto de melhoramento e abastecimento de água nesta autarquia que está localizada a 30 quilómetros a Sul da cidade capital de Moçambique.

O esforço está orçado em 46.577.876,00 meticais para o abastecimento de água em Mahubo, mas muitos residentes desta zona afirmam desconhecer o ponto de situação do mesmo e reclama esclarecimentos de quem de direito.

NOÉMIA MENDES

https://bit.ly/41XbJTI

Este artigo foi publicado em primeira mão na edição em PDF do jornal Redactor do dia 07 de Junho de 2023.

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