Porquê a lista B ganhou as eleições do SNJ?

Posso dar-me por merecedor de alguma confiança dos meus colegas de profissão por, em duas sessões consecutivas da Conferência do Sindicato Nacional de Jornalistas (SNJ), ter sido convidado a integrar a respectiva Comissão Eleitoral (CE). Foi assim em 2012, em Nhamatanda, e o mesmo sucedeu este 2023, em Mafambisse, na província de Sofala.

Importa vincar que, nas duas ocasiões em que fui convidado para esta desafiante, mas prestigiante tarefa, a única condição que coloquei para aceitar o convite foi liberdade de actuação, e agir apenas em conformidade com os estatutos, por forma a conferir lisura nos processos.

Os que estiveram em Nhamatanda vão-se recordar que foi neste contexto que a lista do próprio Eduardo Constantino (EC), cujo elenco por si liderado me convidou para integrar a CE, teve momentos de apuros e viu-se forçada a “mexer” por diversas vezes a lista por si encabeçada, por forma a poder passar ao escrutínio dos delegados à Conferência Nacional.

Com esta postura, angariei alguns “inimigos”, incluindo dentre os meus grandes amigos, que até nos tratamos por “irmãos”, com os quais andámos de candeias às avessas por um bom par de anos.

Porque achei piada a comparação, até hoje me farto de rir quando me recordo de um comentário de um colega, por sinal meu grande amigo, de ter dito ao Constantino, que concorria à sua própria sucessão, a propósito da minha postura de insistir no respeito escrupuloso ao que os estatutos dizem, de ter andado a brincar de “entregar uma metralhadora AK-47 a um macaco”. Águas passadas.

Quando este ano aceitei, novamente, o convite, estava plenamente ciente do terreno em que me metia, com a agravante de as respectivas eleições serem as mais polémicas e concorridas, dado o ambiente profundamente inquinado em que se encontra(va) o SNJ, apimentado por ter o seu elenco há muito “fora do prazo”.

Lamentavelmente, alguns dos concorrentes parece não terem lido, atentamente, os sinais em torno da 7.ª Conferência Nacional realizada em Mafambisse, a avaliar pela forma como se prepararam.

Igualmente alguns dos colegas, incluindo os que eram delegados, parece não se terem preocupado em compulsar os estatutos, antes de se envolverem no processo ou comentá-lo. Sobre os comentários de cidadãos comuns – não jornalistas –, prefiro abster-me de fazer avaliações.

Custa-me compreender como é que um concorrente vai a sufrágio, negligenciando aspectos sensíveis, ao ponto de indicar como mandatário alguém que nem é(ra) delegado à Conferência Nacional, portanto, sem sequer ter direito a estar na sala, influenciar e eleger.

Custa-me compreender como é que um jornalista se deixou embalar por comentários, apoios e incitamentos de colegas, que nem eram delegados à 7.ª Conferência Nacional, alguns nem sequer membros do SNJ, logo, por força dos actuais estatutos, irrelevantes no processo.

Perante este quadro, os membros da Comissão Eleitoral da 7.ª Conferência Nacional do SNJ encontraram no art. 62.°, n.° 4 e o art. 57.°, n.° 1, todos dos Estatutos, conjugados com o art. 8.°, n.° 4 do Regimento, uma saída airosa e compreensível para todos, derrotados e vencedores, mesmo cientes de que de uma ou de outra forma, em algumas das sensibilidades das três listas se buscariam argumentos para achincalhar os membros da CE. Afinal há, sempre, que se encontrar um “bode expiatório” para tudo…

Ciente de que este meu comentário terá interpretações díspares, arrisco-me a afirmar que a CE tudo fez para que todos os interessados concorressem e perdessem ou ganhassem, por decisão dos delegados.

Na minha modesta opinião, a lista B ganhou porque se preparou devidamente, escolheu um jornalista, delegado e jurista de elevado gabarito, como seu mandatário.

Sobre assuntos marginais, dispenso comentários. Prefiro respeitar a decisão dos delegados à 7.ª Conferência Nacional, testemunhada por todos os concorrentes e participantes.

Admito que sou um simples jornalista, mas fiquei triste, frustrado e até decepcionado com comentários de alguns colegas, incluindo daqueles que se dizem “jornalistas investigativos”, que emitiram opiniões, deliberadamente ou não, muito descontextualizadas, porque longe de estar em consonância com os estatutos em vigor no SNJ, para não falar daqueles “doutos” que chamavam a ÉTICA à colação, quando justamente trilhavam por caminhos poucos éticos.

Por enquanto, julgo que nos devemos conformar com a decisão dos delegados à 7.ª Conferência Nacional do SNJ e esperar que o elenco empossado na passada quarta-feira, dia 9 de Agosto de 2023, trate de reestruturar esta agremiação, por forma a aglutinar a todos os profissionais e a resgatar a sua dignidade e credibilidade.

A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras!  Digo/escrevo isto porque ainda creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá, eternamente.

REFINALDO CHLENGUE

Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 11 de Agosto de 2023, na rubrica TIKU 15.

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