Porque não se cala Chipande?

Uma vez mais, o general Alberto Chipande – a quem a história oficial atribui a autoria do “primeiro tiro” na guerra de libertação nacional do jugo colonial – veio a público justificar que o interregno das conversações entre os beligerantes de sempre se deve ao facto dos mediadores terem ido fazer consultas nos seus países e que em breve estarão de volta.

Chipande fez tais declarações na cidade da Beira. É a primeira vez que uma voz das hostes do partido Frelimo, que não faz parte da equipa negocial, faz este tipo de pronunciamentos sabe-se lá com que base…

No ano passado este mesmo general, em fórum idêntico, apareceu em público a defender que a dívida escondida e que se quis soberana era “sustentável”, o que foi de tudo estranho, pois não são conhecidos os seus créditos em matéria de economia.

O general Chipande, que serviu como ministro da Defesa Nacional no primeiro governo saído da independência, é da mesma etnia do actual Presidente da República, e alguns sectores o apontam como “pai intelectual” de Nyusi, o Filipe. Nem um nem outro já se pronunciaram sobre essa alegada “paternidade”. Porém, aquando do lançamento da chama da unidade nacional, em Nangade, foi notório o peso makonde, num claro sinal da entronização da nova liderança, selada no Comité Central que “varreuArmando Guebuza da liderança do partido, pondo fim aos pólos de bicefalia que se vivia.

Os contornos da criação da Ematum e todas as suas zonas de penumbra envolveram também o Ministério da Defesa, quando o actual PR servia o mesmo como ministro. A maior parte do “bolo”, segundo deu a conhecer o titular do pelouro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane, ao plenário da Assembleia da República, foi para a compra de material bélico. Maleiane falou de 500 milhões de dólares norte-americanos…

Tudo quanto se sabe é que o Estado moçambicano assumiu-se como avalista da EMATUM no crédito que esta contraiu para o pagamento de navios.

A EMATUM contratou os bancos BNP Paribas e Credit Suisse para montarem uma emissão de 500 milhões de dólares norte-americanos em Obrigações do Tesouro. Onde é que o general Chipande participou desses contornos, uma vez que não ocupa posição conhecida no executivo para prestar pronunciamentos sobre este dossier?

A única voz autorizada que deu “mão à palmatória” sobre o assunto foi o antigo Ministro das Finanças e actual deputado da bancada parlamentar do partido Frelimo, Manuel Chang, que confessou que o “negócio” da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM) pode ter sido o seu único erro ao longo da sua carreira política. Teria sido ele quem emprestara as credenciais ao general para encher os pulmões?

 

Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Porque não se cala o general Chipande?

LUÍS NHACHOTE

 

 

 

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