Portugal disposto a ajudar na mediação em Moçambique
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse hoje em Maputo que Portugal está disponível para apoiar a mediar a crise pós-eleitoral em Moçambique, mas acredita que tal não será necessário.
“Eu acho que o processo pode até dispensar essas ajudas, ou pelo menos uma mediação formal, porque todas as partes me parecem, sinceramente, por aquilo que eu posso testemunhar, especialmente agora já cá, mas antes disso também, por contactos que tinha vindo a fazer, que há uma vontade, realmente, de fazer desta crise uma oportunidade. E isso é uma coisa que nos deixa, como eu usei a palavra hoje de manhã, esperança”, disse Rangel.
Em declarações aos jornalistas esta tarde, após a cerimónia de investidura de Daniel Francisco Chapo como quinto Presidente de Moçambique, marcada por novos confrontos entre a polícia e apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, Paulo Rangel reconheceu que Portugal tem, pelos “laços afectivos históricos, culturais profundos”, uma “posição especial”.
“Nós temos, obviamente, um papel de ajuda. A União Europeia tem tido, exactamente, grande sintonia com as posições de Portugal. Basta verem, os comunicados que têm sido emitidos estão exactamente todos na mesma linha e nós aí, obviamente, é um interlocutor também importante. A CPLP [Comunidade de Países de Língua Portuguesa] também pode ter o seu papel”, afirmou Rangel.
O chefe da diplomacia portuguesa confirmou igualmente que tem previsto um encontro com Venâncio Mondlane, que tem convocado sucessivas paralisações e manifestações contra os resultados das eleições gerais moçambicanas de 09 de Outubro, durante a estadia em Maputo.
“Também falaremos com ele [Venâncio Mondlane], com certeza, isso está previsto”, disse o chefe da diplomacia lusa, recentemente muito criticado pelo político e pastor evangélico moçambicano.
Paul Rangel sublinhou que está previsto falar com todos e, portanto, com certeza que a predisposição de Portugal é sempre ajudar. Nós não podemos substituir-nos, obviamente, de maneira nenhuma, não queremos interferir na soberania de Moçambique, mas achamos que há aqui uma oportunidade para se criar uma agenda de consenso, de reformas por um lado institucionais e por outro lado com certeza económicas e sociais.
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