Presidente da República apela para se evitarem acções emotivas
O chefe de Estado moçambicano, Filipe Jacinto Nyusi, exorta aos seus concidadãos em geral e aos nampulenses em particular a evitarem acções emotivas, algumas delas alegadamente meras imitações fomentadas por que se assiste em algumas redes sociais.
“Não quero deixar de dizer o que tenho por dizer, e depois ter peso na consciência: por favor Nampula, reencontrem-se, não imitemos coisas que ouvimos e vemos na Internet ou na diáspora”, exortou Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano deu alguns exemplos para sustentar os seus comentários: “aquilo que assistimos em Liupo, Erate, Mogovolas, Namicopo, entre outros pontos é o que? Lalaua, uma terra que tantos esforços fez para implantar infraestruturas de raiz, foram rebentar tudo. Quem vai ganhar razão aqui, quem é herói? Em Mogovolas, vandalizaram centro de atendimento de pessoas com cólera, os [agentes sanitários da organização humanitária] ‘Médicos Sem Fronteira’ foram corridos de lá, queimaram hospital, porque alegadamente teriam feito eclodir a cólera no distrito”.
“Quem dirá que Nampula anima! Ninguém pode zangar ao ponto de rasgar a sua própria roupa, depois vai vestir o quê? Em Namicopo, queimaram o centro de saúde, para fazerem sofrer crianças com malária, agora percorrem longas distâncias para ter assistência médica, coisa que se resolvia em Namicopo, Namicopo é famoso, não pode ser famoso por queimar infraestruturas”, censurou o estadista.
Filipe Jacinto Nyusi falava durante a inauguração formal do Tribunal Superior de Recurso, sedeado na cidade de Nampula, província de Nampula, Norte de Moçambique.
A preocupação encontra eco actualmente no contexto das últimas manifestações, que resvalaram para a vandalização de infraestruturas públicas e privadas um pouco por todo o país, com destaque para, Maputo e Nampula e Sofala.
18 tribunais vandalizados em todo o país
Na oportunidade, o presidente do Tribunal Supremo (TS), Adelino Muchanga deu a conhecer que pelo menos 18 tribunais foram vandalizados durante protestos pós-eleitorais promovidas por Venâncio António Bila Mondlane, que de acordo com os resultados oficiais e definitivos ficou em segundo lugar.
“Teremos de reconstituir processos destruídos e para tal contamos com a colaboração de todos os envolvidos, nomeadamente o Ministério Público, o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), o Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP), as partes processuais, os seus mandatários, vítimas, testemunhas, declarantes e peritos”, disse o presidente do TS, Adelino Muchanga.
Dos tribunais vandalizados contabilizados, um é da cidade de Maputo, dois da província de Maputo, dois de Gaza (no Sul do país), oito da Zambézia (no Centro) e cinco de Nampula (no Norte de Moçambique).
O Conselho Constitucional (CC) proclamou Daniel Francisco Chapo, candidato apoiado pelo partido Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), vencedor da eleição presidencial, com 65,17% dos votos, sucedendo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de Outubro.
O anúncio provocou novo caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane – que obteve apenas 24% dos votos – nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia.
A tomada de posse do novo Presidente de Moçambique está agendada para 15 de Janeiro e dois dias antes será a investidura do novo parlamento.
ELINA ECIATE, em Nampula