Primeiro samurai negro
Yasuke, um escravo com origem provável na Ilha de Moçambique que se tornou no primeiro samurai negro no Japão no século XVI.
“A ideia é ficcionar sobre a história de um homem nosso, mas que é pouco conhecido”, disse Calane da Silva, para quem Yasuke é o “primeiro herói verdadeiramente moçambicano” e um homem que ajudou a reunificar o Japão.
Yasuke chegou ao Japão em 1579 como servo do missionário jesuíta italiano Alexandre Valignano, que visitava o país nipónico, vindo da Índia.
A altura, postura e força do escravo supostamente deportado da Ilha de Moçambique terão chamado a atenção do senhor da guerra Oda Nobunaga, que comprou Yasuke e lhe ensinou as artes marciais.
Apesar da pouca informação sobre Yasuke e de alguns episódios que lhe são atribuídos não terem comprovação, o nome do antigo escravo ficou associado a um grande guerreiro nas batalhas de Nobunaga, merecendo o título de samurai.
“Este foi o primeiro samurai negro”, declarou Calane da Silva, destacando a importância de mais pesquisas sobre histórias similares para valorização dos heróis moçambicanos de épocas anteriores à independência, apesar das limitações que advêm da falta de fontes.
Yasuke, que tem origem provável em Moçambique, embora outras hipóteses apontem a Etiópia ou a Somália devido ao seu grande porte, acabou por se tornar numa lenda no Japão, mas entre moçambicanos é ainda desconhecida a sua história, cujos contornos são “nobres e motivadores” para o povo.
“Foi um homem com uma força de espírito incrível e que merece ser lembrado”, afirmou o escritor moçambicano.
Yasuke já foi tema de um conto infantil e até de um videojogo no Japão e o seu nome figura em vários livros e filmes sobre Nobunaga.
Mais recentemente, a empresa Técnica Industrial, do Grupo João Ferreira, escolheu o nome de Yasuke para um novo modelo todo-o-terreno da Mitsubishi, lançado na semana passada em Maputo.
As versões sobre os últimos anos da vida de Yasuke são mais uma vez incertas.
Segundo o escritor moçambicano, casou-se com uma filha de Nobunaga, que o presenteou com uma casa no Japão, mas no final acabou por voltar para a Ilha de Moçambique.
LUSA & REDACÇÃO