“Profecia” de Nhongo

“Profecia” de Mariano Nhongo, de que os que estão a ser desmobilizados no âmbito do actual processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), mais cedo ou mais tarde voltarão às matas, está se tornando realidade.

Inclusivamente o facto já foi confirmado por um destacado responsável da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e pelo representante do Secretário-Geral das Nações Unidas e presidente do Grupo de Contacto do processo de DDR, Mirko Manzoni.

Os dois responsáveis foram recentemente citados pelo jornal “Diário de Moçambique”, uma publicação sedeada na cidade portuária da beira, Centro do país.

Alfredo Magumisse, membro da Comissão Política do partido RENAMO, alega que os abrangidos pelo DDR e que já regressaram às matas o teriam feito na sequência de alegadas perseguições que lhes são movidas pelas Forças de Defesa e Segurança (FDS) de Moçambique.

Magumisse referiu que pelo menos 13 membros da RENAMO teriam sido assassinados e outros “mais de duas dezenas” fugiram, do só posto administrativo de Metuchira e na localidade de Macorococho, da tortura supostamente infligida por elementos das FDS.

“Segundo relatos dos familiares dos finados, as pessoas ora assassinadas foram antes levadas pelas FDS acusadas de serem apoiantes da Junta Militar [da RENAMO] e mais tarde os seus corpos eram encontrados sem vida”[sic], disse Magumisse.

Acto do DDR envolvendo basicamente mulheres

O caso mais recente reportado por Alfredo Magumisse foi do rapto de um tal Bicho José

Riconde, no dia 19 de Setembro, que mais tarde (dia 26 de Setembro) o seu corpo foi encontrado próximo da Escola Primária de Macorococho, próximo de uma posição das FDS.

“Com estas acções, as FDS coagem as populações em articular membros da RENAMO a se refugiarem nas matas, em busca de segurança, para a sua autodefesa. Podemos, com certeza, afirmar que irão engrossar as fileiras da Junta Militar”, exemplificou Magumisse. (“Profecia” )

Esforços do jornal “Diário de Moçambique” para obter um comentário da Polícia aparentemente fracassaram, uma vez que o porta-voz da corporação no Comando Provincial em Sofala, Dércio Chacate, “pediu tempo para se inteirar do assunto”, de acordo com o periódico.

O “Diário de Moçambique” acrescenta que “esta é a quinta vez neste ano de 2020, que a RENAMO vem ao público se queixar da intolerância política na zona centro do país, mas agora com referência à Junta Militar, comandada por Mariano Nhongo” [videm versão PDF do jornal Correio da manhã de Moçambique, edição Nº 5920, págs. 1 e 2).

Em seguida o jornal enumera uma série de episódios para consubstanciar as alegações da RENAMO, que praticamente vem dar razão às “profecias” de Mariano Nhongo, que tem repetido que os que estão a aderir ao DDR, mais cedo ou mais tarde regressarão às matas porque não encontrarão sossego, uma vez desarmados. 

Muitos dos que estão a ser desmobilizados no âmbito do DDR são “repetentes”.

A Junta Militar da RENAMO é uma facção liderada pelo major-general dissidente Mariano Nhongo e que rejeita a presidência de Ossufo Momade, a quem acusa de ter traído os esforços e memória do falecido presidente da “perdiz”, Afonso Dhlakama. (“Profecia”)

Os ataques da facção de Nhongo já geraram 7.780 deslocados no Centro de Moçambique, de acordo com cálculos da Organização Internacional de Migração (OIM).

A violência no Centro de Moçambique acontece na mesma altura em que o país enfrenta uma crise humanitária no Norte, na província de Cabo Delgado, onde uma insurgência armada que dura há três anos já provocou mais de mil mortos e 250.000 deslocados.

 (Correio da manhã de Moçambique)

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