Que machadada sobre a perdiz!
Há-de ser, de certeza, um dos piores momentos da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) como partido político, mas pode não ser o fim dela e tudo dependerá dos quadros desta organização que em algum momento colocou a Frelimo em sentido.
A Renamo não foi capaz de ler os sinais e acompanhar a evolução político-social. Parou no tempo e foi ultrapassada pela evolução social dos moçambicanos.
Não seria higiénico, politicamente, a Renamo aparecer em terreiro a reclamar seja lá o que for, senão dar a mão à palmatória e, querendo, pegar naquela famosa vassoura e fazer a limpeza na sua própria casa, canto a canto.
Só espero que nos poupem de eventuais birras, coloquem os pés no chão, não disse em bicos dos pés e, em vez de olharem para os “madjoridjos”, vislumbrem cidadãos iguais a vós, porque é do pacato cidadão que os políticos ascendem ao poder ou dele caem.
Até porque Mondlane, querendo, pode levantar a voz e litigar os dados em presença. Renamo, não!
Não seria a primeira força política a lamber as feridas depois de uma valente machadada, não desferida pelo Venâncio Mondlane, mas pelo eleitorado, que não quer se agarrar [só] à História.
Houve episódios reprováveis no processo eleitoral? Sim, e muitos, mas não é isso que precipitou a Renamo para onde se encontra hoje no mapa político moçambicano. A liderança da “perdiz” conformou-se no comodismo do Ossufo Momade, homem que nunca devia ter sido eleito presidente desta organização – foi um brilhante erro de casting aquele que se cometeu em Janeiro de 2019 na serra da Gorongosa –, muito menos ser reconduzido naquele congresso de Alto Molócuè.
Na campanha eleitoral deste ano, a Frelimo empenhou-se e empenhou TODOS os seus quadros, o que não se verificou na Renamo, onde aquelas figuras que nos habituaram a aparecer em ambientes mediáticos se julgaram “estrelas” que não mereciam “sujar os calções” e andaram sumidas durante a campanha. Como dissemos, numa ocasião anterior, quem não trabuca não manduca (Redactor N.° 6913, pág. 6) e, querendo manducar, que trabuquem!
Aparentemente Venâncio Mondlane [ainda] não é membro da Coligação Aliança Democrática (CAD) nem do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS). Desvinculou-se da Renamo e não vejo negociação fácil para retornar à perdiz. Ai de a Renamo tentar recuperá-lo, o jovem vai esticar muito bem a corda!
Todavia, a confiança é como os cacos de uma porcelana: uma vez quebrada, mesmo que se juntem, jamais volta à perfeição inicial, mas em política tudo é possível.
Digo isto porque conheço a dor de pagar impostos.
Estou a falar só!
A MINTHIRU IVULA VULA KUTLHULA MARITO! Os actos valem mais que as palavras! Digo/escrevo isto porque ainda creio que, como em anteriores desafios, Moçambique triunfará e permanecerá, eternamente.
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 12 de Outubro de 2024, na rubrica TIKU 15.
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