Que vantagens tem Moçambique de possuir recursos minerais?
Participei numa pesquisa sobre o impacto da exploração dos recursos minerais pelas indústrias extractivas em Moçambique. Lembro-me que, no âmbito da pesquisa, fomos até Mudada, em Matutuine, província de Maputo, onde foi instalada uma fábrica de exploração de calcário, cujo nome me escuso a mencionar.
Acredito que muitos sabem qual é. Em 2021, o cimento produzido pela empresa era um dos assuntos mais comentados devido aos preços baixos em relação ao mesmo produto da concorrência. Não se sabe por que os preços mudaram e já nem sequer se fala no assunto actualmente.
Chegados no local, neste caso em Mudada, vimos um cenário difícil vivido pela população local. Alguns reclamavam do facto de as suas casas estarem já com rachas em estado avançado, sem saber quando é que desabariam.
Outros reassentados clamavam pela intervenção do Governo a quem, vezes sem contas, apresentavam os casos vividos diariamente com a esperança de ver a vida melhorada, mas, infelizmente, não obtinham respostas satisfatórias.
Outros reclamavam do facto de viverem constantemente inalando poeira e gás solto todo os dias durante o processo de fabrico de cimento.
A isto se junta a falta de água porque a empresa havia suspenso o fornecimento de água potável para o consumo. A lei afirma que, antes da implantação de uma empresa exploradora, deve-se observar atentamente as questões de reassentamento. Mas o que acontece é o contrário: primeiro coloca-se a empresa e, por fim, olha-se para a questão de reassentamento e, geralmente, as comunidades são deixadas à própria sorte. Este é um facto que acontece praticamente em todo o país onde há exploração de algum recurso.
A questão que fica é a seguinte: que vantagem tem Moçambique em ter vários recursos desde os minerais até os marinhos, se o povo moçambicano não desfruta deles como deve ser? E se as comunidades residentes nas zonas de exploração são as que mais sofrem ou são prejudicadas de forma directa ou indirecta não são devidamente beneficiadas?
O mais triste é que quando se questiona às entidades competentes sobre o acontecimento não concedem respostas satisfatórias, apenas limitam-se a dizer que estão a trabalhar para melhorar as condições. Sendo verdade ou não, vamos nos segurar nessa promessa, talvez um dia virá alguém ousado o suficiente para melhorar a vida dos moçambicanos de facto.
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal REDACTOR, na sua edição de 13 de Setembro de 2023, na rubrica de opinião denominada Geração 2000
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