Ramaphosa manda cancelar

Ramaphosa manda cancelar – O chefe de Estado sul-africano, Matamela Cyril Ramaphosa mandou cancelar um controverso projecto de construção de um mastro de bandeira de 100 metros, no Freedom Park, em Pretória, orçado em 22 milhões de rands (87.207.120 meticais).

Trata-se de uma ideia concebida e tenazmente defendida pelo ministro dos Desportos, Artes e Cultura da África do Sul, Nathi Mthethwa e que suscitou repúdio generalizado na sociedade sul-africana.

Mesmo assim, Mthethwa foi ao Parlamento defender a empreitada que, no seu entender, simbolizaria “a ruptura com o passado colonial e de segregação racial no país”.

Não satisfeito, Mthethwa desdobrou-se em entrevistas aos órgãos de comunicação locais para tentar defender o projecto que na sua óptica visava “promover a coesão social da África do Sul”.

Apesar do cancelamento agora anunciado esta quinta-feira pelo chefe de Estado, a opinião pública não poupa nas críticas e Ramaphosa continua a ser demolidoramente fustigado pela crítica, principalmente nas redes sociais, por ter deixado passar a ideia em sede do Conselho de Ministros.

Na base desse projecto, o governo iria gastar cinco milhões de rands (pouco mais de 19,8 milhões de meticais) só no estudo de viabilidade e os restantes ZAR 17 milhões (mais de 67,3 milhões de meticais) na instalação da bandeira, no Parque da Liberdade [Fredoom Park], na zona alta da cidade de Pretória.

Na rua, imediatamente a ideia foi “chumbada” pela sociedade, sendo de destacar o posicionamento do Congress of South African Trade UnionsCOSATU [principal aliado do ANC] que considerou de “ultrajante” gastar 22 milhões de rands por uma bandeira num país de pobres.

Nas redes sociais as críticas subiram de tom, com alguns analistas políticos a defenderem que este tipo de iniciativas pode custar caro ao ANC, nas eleições gerais de 2024, depois do sinal dado nas autárquicas do ano passado [ANC venceu, mas com abaixo dos 50%].

Perante esta onda de críticas, o Ministro dos Desportos, Artes e Cultura tentou amainar os ânimos com promessas de revisão do orçamento do projecto.

Ciente das repercussões que esta situação pode trazer e estando em campanha para revalidar o mandato como presidente do ANC, Cyri Ramaphosa disse ter orientado o cancelamento do projecto.

Ramaphosa diz que a decisão foi tomada porque “o governo ouviu o que o povo diz. Não passamos por cima do nosso povo”.

O presidente admite que o preço pela construção da bandeira “é muito alto”, mas diz que apesar do cancelamento o projecto pode voltar à ribalta quando as condições económicas assim o permitirem.

Apesar da decisão de Ramaphosa, os internautas questionam como foi possível o mesmo presidente que hoje cancela o projecto o ter aprovado antes no Conselho de Ministros. (Ramaphosa manda cancelar)

RAULINA TAIMO, Correspondente na África do Sul

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