Conclave
Hoje [ontem, sexta-feira], há 51 anos, em 1974, as Forças Armadas portuguesas, fizeram acontecer em Lisboa, capital de Portugal, a queda do regime ditatorial – fascista e colonialista – que vinha governando aquele país nos últimos 40 anos. Não foi derramado sangue. Uma bala não foi, sequer, graças a Deus, disparada. Pelos canos das espingardas dos soldados saíram cravos vermelhos. Felicito, pelo feito nesta data, ao Povo irmão de Portugal e a Deus rogo que as tendências da direita “CHEGAr” ao poder nunca ocorram na práctica. Após este acontecimento, que nem cogumelos em dias de chuva, surgiram “ene” partidos políticos em Portugal. Alguns destes, por ausência de um programa autenticamente nacionalista e visando agradar os anseios do Povo, esvairam-se, para mal da democracia, com o decorrer dos tempos.
Dom Júlio Duarte Langa, é um prelado moçambicano. Cardeal-emérito (não eleitor) desde 2015 e bispo-emérito de Xai-Xai. Está com 98 anos de idade. Nasceu a 27 de Outubro de 1927. Assim, o factor etário impedí-lo-á de participar no conclave cardinalício que escolherá, por votação, o substituto do Santo Padre, cuja Páscoa, por motivo de doença grave e prolongada, ocorreu a 21 de Abril de 2025.
Em 4 de Janeiro de 2015, o Papa Francisco anunciou a sua elevação a cardeal, no Consistório Ordinário Público de 2015. Um consistório (do latim consistorium = sentar, assembleia, conselho) é uma reunião de Cardeais para dar assistência ao Papa nas suas decisões.
A 14 de Fevereiro de 2015 na Basílica de São Pedro, em Roma, teve lugar o rito de imposição do barrete e da entrega do anel e da bula de criação cardinalícios pelo Papa Francisco, tendo sido investido com o título de São Gabriel de Nossa Senhora das Dores. É o segundo cardeal natural de Moçambique. Com o falecimento de Dom Alexandre Maria dos Santos, Cardeal-emérito de Maputo, Dom Júlio Langa é o único Cardeal-emérito em Moçambique.
Portanto, o nosso país, se participar, no Conclave prestes a reunir para a escolha do novo Papa, o seu cardeal não votará nem será votado. Agora a pergunta que soa pertinente fazê-la: o que é que Moçambique terá que concretizar para ter mais cardeais e que estes não sejam apontados para este cargo já muito entrados na terceira idade?
Mas afinal o que é o Conclave? Para mim, por palavras muito simples e muito minhas, o Conclave é um colégio ou órgão deliberativo da Igreja Católica Apostólica Romana, composta pelos prelados mais “madodas” (os cardeais) e que se reúne sazonalmente – após a morte de um Papa – para a escolha democrática do seu substituto.
Mediante voto secreto qualquer um dos cardeais presente no conclave é substituto potencial do Papa – Petrus Apostolus Princeps Apostolorum, (Pedro Apóstolo, Príncipe dos Apóstolos).
Para não sofrerem pressões nem influências estranhas provenientes do exterior, os cardeais ficam em isolamento total até que os seus trabalhos sejam concluídos. Estes homens de Deus assim em reclusão, vão comunicando com o mundo no exterior emitindo fumos. Os fumos pretos significam que ainda não há Papa. E quando este já está escolhido da chaminé é expelido o fumo branco. Então um dos cardeais aparece à janela da “clausura” grita “habemus papam” (já temos Papa). Agora não sei se o cardeal assim escolhido poderá recusar a escolha sobre ele recaída?
Na minha adolescência lí um livro espantosamente bem escrito por Irving Wallace, intitulado o HOMEM, em cuja história ele romanceava as vicissitudes porque passara um preto norte-americano, com pretensões a ser presidente daquele país. Quarenta anos depois do lançamento deste romance, na altura um “best seller”, Obama, foi eleito primeiro Presidente preto dos Estados Unidos da América. Por sinal, muito bom presidente para os interesses domésticos americanos. Mas muito péssimo presidente pelo que de mau causou ao resto mundo: guerras, invasões militares, recrudescimento de perseguições aos cidadãos do chamado “eixo do mal”, assassinatos e políticas macro-económicas atentatórias ao progresso do resto do mundo.
Em relação ao próximo 130º Papa, oxalá este seja preto de África, inobstante o mais importante não seja a cor da sua pele, mas sim a forma como ele cumprirá o seu múnus pastoral universal ao serviço da Igreja e da Humanidade: ser apóstolo do AMOR, da FRATERNIDADE, da CONVIVÊNCIA ECUMÉNICA E INTER-RELIGIOSA, do DIÁLOGO e do PERDÃO nesta selva onde vivem diferentes homens, todos filhos do mesmo PAI.
Olhem, que gostamos bastante do consulado do falecido Kofi Annan, ganês, antigo Secretário Geral da Organização das Nações Unidas e do saudoso U Thant, birmanês. Ambos durante o seu consulado fizeram bem à humanidade.
Fazer bem à humanidade! É a missão de todos nós enquanto peregrinos deste belo espaço pertencente a DEUS chamado Terra!
* Economista
Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 25 de Abril de 2025, na rubrica de opinião denominada N’siripwiti – gato do mato.
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