Pirataria de Conteúdos: Uma Iniciativa Global contra um Inimigo Global
As empresas pan-africanas e multinacionais são alvos frequentes de sindicatos de roubo de conteúdos, que procuram lucrar com a sua propriedade intelectual. Para combater estes cartéis internacionais do crime, os produtores de conteúdos estão a estabelecer parcerias globais, igualmente sofisticadas.
A pirataria de conteúdos é um desafio global insidioso que mina a integridade de várias indústrias criativas, destrói carreiras e coloca os utilizadores individuais de conteúdos ilícitos em grande risco pessoal.
Sendo um flagelo mundial, há que existir uma resposta global. Felizmente, estão a ser criadas alianças poderosas em todo o planeta — e em todos os sectores — para proteger os criadores de conteúdos e a indústria em que trabalham. Estas parcerias envolvem plataformas de conteúdos digitais, organismos responsáveis pela aplicação da lei, empresas de cibersegurança e empresas de tecnologia, todas a trabalhar em conjunto para garantir a viabilidade das indústrias que informam, educam e entretêm o público.
O impacto da pirataria digital opera em dois níveis — individual e social. Em ambos os casos, a distribuição e o consumo de conteúdos pirateados — filmes, séries, música, eventos ao vivo, entre outros — comprometem redes, reduzem a sua eficácia e podem, em última instância, destruí-las.
Para os utilizadores, assistir à um evento desportivo através de um site ilegal pode expô-los a malware ou vírus, além do risco de roubo de identidade e acesso ilícito aos seus dados bancários. Este tipo de crime pode arruinar vidas numa escala que ultrapassa, de longe, o prazer momentâneo de ver um jogo de futebol.
A nível nacional e internacional, a pirataria de conteúdos compromete indústrias inteiras baseadas na produção de conteúdo. Quando um conteúdo é roubado através de transmissões ilegais, os detentores dos direitos não são compensados. Consequentemente, a produção torna-se inviável, forçando a suspensão de produções e deixando milhares de profissionais — actores, apresentadores, operadores de câmara, produtores e editores — sem remuneração.
Dessa forma, a pirataria de conteúdos causa estragos em larga escala. Superficialmente, pode parecer uma prática inofensiva, mas os seus efeitos são cumulativos. Quando ocorre em grande escala, a pirataria digital torna-se um crime internacional devastador.
Estes impactos são particularmente significativos em África, onde as margens de lucro são reduzidas. Uma plataforma de entretenimento pan-africana como a MultiChoice África reinveste as suas receitas na produção de conteúdo cada vez mais relevante e hiperlocal para o seu público. Em 2024, a plataforma produziu 6.500 horas de conteúdo, um aumento de 12% em relação ao ano anterior, alcançando um impressionante total de 84.000 horas na sua biblioteca.
A MultiChoice África transmite regularmente em directo muitos dos eventos desportivos mais populares do mundo, incluindo F1, Jogos Olímpicos, Euro, Campeonato do Mundo e Liga dos Campeões de futebol, além de ligas locais populares. Estes conteúdos, bem como dramas, comédias e reality shows africanos, são alvos frequentes de sindicatos internacionais de pirataria. Para se proteger, a MultiChoice integra a coligação pan-africana de combate à pirataria Partners Against Piracy.
Com o seu parceiro de cibersegurança, Irdeto, a MultiChoice segue uma estratégia internacional de combate ao crime para erradicar a pirataria digital em todo o continente. Recentemente, rusgas e detenções foram realizadas com sucesso no Quénia, na Nigéria e em Moçambique.
A luta contra a pirataria de conteúdos tem de ser global, exigindo alianças internacionais. Para travar um crime desta dimensão, foram estabelecidas grandes parcerias transfronteiriças. Na Coreia, uma colaboração com a Interpol permitiu a detenção de operadores de plataformas ilegais e a eliminação da rede criminosa EVO Release Group.
A Operação 404, uma iniciativa global de combate à pirataria, envolve instituições do Brasil, Argentina, Paraguai, Perú e Reino Unido. Na sua última fase, no Brasil, foram cumpridos mais de 30 mandados de busca e apreensão, além do bloqueio de 675 sites e 14 aplicativos.
Nos EUA, o Centro de Direitos de Propriedade Intelectual lidera operações contra organizações criminosas que violam direitos autorais. Em 2023, obteve 206 condenações e realizou 2.444 apreensões em todo o mundo.
A luta continua, mas há sinais de progresso. Crimes digitais deixam rastros digitais, que podem ser seguidos com tecnologia moderna. A Irdeto introduziu uma ferramenta de marca de água que permite incorporar sinais em transmissões desportivas em directo, tornando possível rastrear o conteúdo no dispositivo de qualquer utilizador pirata e levá-lo à justiça.
Em última análise, a agilidade cibernética do streaming ilegal pode ser a sua maior vulnerabilidade. Uma coligação global está a trabalhar para transformar essa realidade e levar os criminosos da pirataria de conteúdos à justiça. A sobrevivência da própria indústria de conteúdos pode depender deste sucesso.
Redactor