Um minuto com a História — Por EGÍDIO G. VAZ RAPOSO
Alkebulan – A África antes da colonização dos mapas
O nome “África” não tem origem africana. Surge com os romanos, após a conquista da cidade de Cartago, localizada onde hoje se encontra a Tunísia, no norte de África. Após vencerem as Guerras Púnicas no século II a.C., os romanos chamaram aquela região de “Africa terra”, significando “terra dos Afri”, nome atribuído a um povo local berbere.
Inicialmente, o termo “África” referia-se apenas a uma parte limitada do Norte do continente. Foi com o tempo, e com a expansão dos impérios europeus e das suas cartografias, que o nome passou a ser utilizado para designar todo o continente.
Diversas teorias linguísticas foram propostas. Alguns estudiosos relacionam o termo com a raiz fenícia “afar” (pó ou terra), outros sugerem influências gregas ou até hebraicas. Mas nenhuma teoria aponta para uma origem africana do nome como hoje é usado.
Antes da chegada dos europeus, várias civilizações africanas referiam-se ao seu território por nomes próprios. Um dos mais antigos e respeitados é Alkebulan, que em algumas tradições significa “terra dos povos negros” ou “terra da origem”. Este nome aparece em textos árabes e em tradições orais antigas como referência ampla ao continente.
O uso de “África” impôs-se com a colonização. Passou a ser nome geográfico, político e simbólico, desvalorizando referências locais e históricas africanas.
Hoje, o nome “África” continua a ser usado mundialmente. No entanto, cresce o interesse por nomes como Alkebulan entre estudiosos, artistas e activistas africanos, como forma de reconectar-se com identidades anteriores à colonização.
Os nomes não são neutros. Quem nomeia, domina. Recuperar a memória dos nomes antigos é um gesto de soberania cultural.
EGÍDIO VAZ — Historiador & Estratega de Comunicação | egidiovaz.com
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