“ANAMALALA”: O Partido dos Zé Ninguém com Nome de Guerra

Vamos lá, moçambicano que é moçambicano já ouviu — ou gritou — “Anamalala!” pelo menos uma vez quando a fila do hospital não andava, quando o patrão sumiu com o salário ou quando o parente arranjou emprego só porque é primo do chefe do primo do genro do ministro. E agora vem gente dizer que esse nome é violento? Violento, meu irmão, é o preço do arroz!

ANAMALALA não é só um partido, é uma catarse colectiva, é aquele grito que sai da garganta quando já não se aguenta mais ver o país transformado num clube VIP onde só entra quem tem cartão da FRELIMO, da RENAMO, ou do “meu tio é deputado”. Vamos ser sinceros: enquanto outros partidos vêm com nomes polidos, cheios de siglas que parecem senha de Wi-Fi (PT, PCD, PDD, XYZ), o ANAMALALA vem nu e cru. Sem gravata, sem colarinho, só com calça rasgada e peito aberto.

Dizem que o nome “incita à violência”. Talvez. Mas antes de acusarem o nome, perguntem-se: o que incitou o nascimento do nome? Não foi a exclusão, o desemprego, o pão que só cresce no discurso? Anamalala é um palavrão político — e todo povo oprimido precisa de um palavrão para chamar de seu.

Enquanto uns discutem se o nome é adequado, o povo invisível se identifica: “Esse partido é meu, porque ninguém nunca falou por mim como o Anamalala fala!” Não tem programa de governo ainda? Não tem sede nem jingle de campanha? Tudo bem. Porque o que o ANAMALALA tem é mais forte que isso: ele tem ressentimento legítimo, esperança teimosa e senso de humor afiado como faca de mandioca.

Afinal, como diz o moçambicano da zona: “Se o sistema é uma comédia, então a nossa resposta tem que ser uma sátira.”

Anamalala: o partido que não promete mudar Moçambique em 90 dias. Promete, no mínimo, dar um belo susto em quem acha que o povo é burro.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

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