A arte de formar gênios da ignorância – JUNIOR RAFAEL
Era uma vez um sistema de ensino que não errava — ele simplesmente inovava na arte do embrutecimento programado. Os livros escolares, repletos de erros aparentemente inocentes, na verdade seguiam um plano meticulosamente traçado para garantir que ninguém saísse da escola com ideias perigosamente inteligentes. Afinal, uma população que sabe pensar é um problema para qualquer governo que se preze!
Os professores, coitados, tentavam heroicamente ensinar a tabuada, mas os alunos, formados sob a pedagogia do “dois mais dois talvez seja cinco, quem sabe?” Saíam das aulas com a firme convicção de que o importante é o esforço, não a resposta. E assim, a educação primária foi transformada em um grande experimento social: como fazer uma geração inteira desaprender antes mesmo de aprender?
O resultado desse método revolucionário? Estudantes que chegavam à universidade como verdadeiros cientistas do nada. Conseguem debater horas sobre o significado profundo da palavra “coisa”, mas travam diante de uma conta de dividir. Quando desafiados a escrever uma redação crítica, entregam duas páginas sobre como “o sistema é complicado” e terminam com a frase emblemática: “”Foi isso que eu entendi, professora”.
A elite política, claro, aplaude. Afinal, com um povo que não questiona, governar fica muito mais fácil! As provas nacionais de avaliação são apenas um desfile de horrores, onde as respostas mais brilhantes incluem pérolas como “a capital de Moçambique é África” e “o sol nasce do lado onde ele quiser”. E quem precisa de gramática, afinal? Língua é um negócio dinâmico, não é mesmo?
Os ministros, ainda que sejam competentes, não irão resolver o problema, pois não é da competência deles. O regime é quem desenha e, se algum ousar fazer algo, será retirado imediatamente. O regime é um veneno mortífero, e enquanto ele estiver no controle, a sabotagem na educação continuará.
Então, qual o caminho a seguir? Para barrar esse desmantelamento educacional, é preciso romper com a cultura da passividade. Pais, professores e alunos devem questionar, exigir mudanças, pressionar pelo fim da manipulação do ensino. A solução não virá de cima, mas de um levante coletivo contra a ignorância imposta. A única saída é uma resistência ativa, um movimento de reeducação que desafie esse programa de embrutecimento. Caso contrário, continuaremos formando gênios da ignorância e aplaudindo a decadência como se fosse inovação.
JÚNIOR RAFAEL OPUJúnior Rafael Opuha KhonlekelaHA KHONLEKELA