Moçambique: Governo ou talho? – JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
Senhoras e senhores, bem-vindos ao espetáculo mais sangrento da política moçambicana! Aqui, quando o povo fala, o governo responde…, mas não com diálogo, e sim com balas, chambocos e declarações dignas de roteiros de filmes de terror numa manhã em Hollywood.
O ilustre Daniel Chapo, qual gladiador romano em pleno Coliseu, promete “sangue jorrando” para combater manifestações. Já a Primeira-Ministra Maria Benvinda Levi, numa aula avançada de “Como Pisotear Direitos Humanos com Classe”, ensina que eles podem ser “colocados de lado” para proteger valores mais altos — provavelmente os valores das contas bancárias dos poderosos.
Agora, vamos ao dilema do governo: se matarem todos os manifestantes, quem é que vai sobrar para ser governado? Talvez as folhas de árvores, que não reclamam, não fazem greves e, melhor ainda, já estão verdes, o que encaixa perfeitamente nos discursos sobre “desenvolvimento sustentável”. Ou talvez as cascas de amendoim, que sempre sobram no chão dos mercados informais e podem servir como base eleitoral ideal, já que não exigem salários nem transporte.
Quem sabe os pneus furados das oficinas, acostumados a serem pisoteados e esquecidos, assim como o povo. Ou até os canis, já que a população está sendo tratada como cães de rua; pelo menos os verdadeiros cães são fiéis e não fazem promessas vazias.
E assim segue Moçambique, numa tragicomédia política onde o Estado confunde “governar” com “governar-se”. E nós, pobres cidadãos, ficamos na plateia, esperando para saber se a próxima medida governamental será uma política pública ou apenas mais uma temporada de Carnaval de Zalala. Este ano o tema do Carnaval é “Sobrevivendo à Ditadura”.
Quem diria que o futuro do país estaria mais para um filme de ação do que para um projeto de desenvolvimento? Quem saberia que confiar em jovens para governação iriam mostrar a musculatura que a capacidade intelectual?
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
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