Nyusi, cadê a barragem que estava aqui?

Gostaríamos — ou melhor, gostávamos — de perguntar ao senhor presidente Filipe Jacinto Nyusi: como está indo o projecto Mpanda Nkhuwa? Sim, aquele megaempreendimento hidroeléctrico anunciado com pompa e circunstância, ali para as bandas de Tete, prometido como símbolo do “desenvolvimento que vem aí”.

Não é que desconfiemos, presidente. É só que… o tempo passou. E passou rápido. Tão rápido quanto as águas do Zambeze, que continuam correndo soltas, enquanto a tal barragem segue, ao que parece, represada no papel.

Era uma vez um projecto de 4,5 bilhões de dólares norte-americanos, lançado e relançado como se fosse filme de estreia. Mas hoje, quando se procura por Mpanda Nkhuwa nos discursos oficiais, encontra-se mais silêncio do que concreto. Já não se fala mais da energia para milhões, dos empregos diretos, dos sonhos construídos sobre as promessas.

E se perguntarmos aos camponeses da região, muitos nem sabem onde vai ser essa obra. Outros já ouviram falar — e temem pelo que virá: deslocamentos, desapropriações, desinformação. Afinal, já vimos esse filme antes. O progresso, muitas vezes, chega batendo com os dois pés na porta das comunidades mais vulneráveis.

Sabemos que projectos assim são complexos. Envolvem estudos, financiamento, negociações, impactos ambientais, consultas públicas… Ah, as consultas. Foram feitas? Foram escutadas? Ou foram apenas um item para riscar da lista?

Se a barragem ainda não saiu do chão, talvez o governo precise levantar a cabeça e responder: qual é o plano? Ou será que a energia prometida virou poeira política?

Senhor presidente, nós — cidadãos, jovens, estudantes, activistas, trabalhadores, pescadores, professores — só gostaríamos de perguntar: e Mpanda Nkhuwa, vai ou não vai?

Porque gostávamos muito de acreditar.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

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