O General da varanda e o funeral da Democracia

Era uma vez um partido que se dizia da “resistência”, um nome gravado na história recente de Moçambique como símbolo de oposição, de combate, de alternativa. Mas, como tudo que não se reinventa, apodrece. E apodreceu na varanda — onde o tempo parece ter parado e a coragem foi substituída pela conveniência.

Ossufo Momade, outrora saudado como sucessor do “pai da democracia”, veste agora a farda do desencanto. “Sou general”, repete ele como mantra. Mas general de quê? De uma tropa desmobilizada, de uma esperança esvaziada, de um projecto de país que foi enterrado sem honras nem luto? A cada passo seu, não se vê avanço, mas retrocesso — e a sombra da UIR, que antes era denunciada, agora parece ser usada em benefício próprio. Um paradoxo que grita.

A pergunta que se impõe é cruel, mas necessária: o poder é assim tão doce que corrompe até os que diziam combatê-lo? Os discursos inflamados de defesa da democracia foram apenas peças de teatro para manter o palco aceso? Porque agora, quando a cortina cai, o que resta é o silêncio — um silêncio pesado, de traição.

A RENAMO de hoje parece um espectro do que foi. Os rostos mais influentes sumiram, desertaram ou foram silenciados. E os que ficaram, esperam o quê? Talvez o surgimento de um novo símbolo, de um tal partido ANAMALALA, para se reinventarem como oportunistas reciclados. Enquanto isso, a varanda permanece como um mausoléu político — sem ideias, sem força, sem povo.

Começa a instalar-se o medo. Medo de falar, de discordar, de pensar diferente. Perseguir quem pensa não é mais exclusividade do partido no poder. A RENAMO, sob comando do “General”, parece ter aprendido com os seus antigos algozes: quem controla pelo medo, perpetua-se — ou assim acredita.

No fim das contas, talvez só entenderemos tudo no caixão, quando a história se fechar e o tempo nos disser o que a razão de agora não alcança. Mas uma coisa é certa: democracia não se faz com generais de varanda, nem com partidos que trocaram a resistência pela submissão. Se Ossufo Momade é o presente da oposição em Moçambique, o futuro está em perigo.

JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA

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