O velho das promessas infinitas
Era uma vez um velho de 48 anos. Sim, um velho! Afinal, em tempos de redes sociais, qualquer um com mais de 30 já é considerado peça de museu. Esse velho, porém, não era qualquer um. Ele tinha um dom raro: prometia o impossível com a convicção de quem já tinha entregado até o paraíso na Terra.
Certa vez, em meio a uma multidão ansiosa por boas notícias, ele anunciou: “Internet grátis para todos!” O povo vibrou! Finalmente, acabariam os pacotes de dados que evaporam mais rápido que salário no fim do mês. Mas os meses passaram e nada de Wi-Fi liberado. Os únicos sinais disponíveis continuavam sendo os dos vizinhos com senhas impossíveis, como “Xy7z92!A**4”.
Mas o velho não parava por aí! “Água potável grátis para todos!”, proclamou ele, de peito estufado. A população já se imaginava tomando banhos de mangueira como crianças em dia quente. Porém, a realidade foi um pouco diferente: a única água gratuita que apareceu foi a da chuva – e só quando São Pedro estava de bom humor.
A cereja do bolo veio quando ele soltou, com brilho nos olhos: “Aviões para todos!”. Ora, que maravilha! Quem nunca sonhou em pegar um jatinho particular para evitar filas no chapa ou desvios absurdos de covas nas estradas? Mas, como já era de se esperar, os aviões ficaram só na imaginação. O máximo que alguns conseguiram foi um desconto em passagem de autocarro (e ainda sem baldeação).
O tempo passou, e o velho de 48 anos continuou a prometer. Internet? Ainda não. Água potável? Só se for no balde. Aviões? Nem de papel. Mas ele seguiu firme, porque, no fundo, sabia de uma coisa: prometer é grátis! E, no fim das contas, enquanto houver quem acredite, sempre haverá um velho pronto para prometer mais um pouco.
E agora? Bem… agora esperamos pela próxima promessa. Quem sabe desta vez não vem um bilhete para Marte?
JÚNIOR RAFAEL OPUHA KHONLEKELA
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