Panorama dantesco na sede nacional da RENAMO
O panorama prevalecente nas instalações da sede nacional da RENAMO, na cidade de Maputo, “é claramente dantesco”, conforme testemunhou o jornal Redactor na manhã desta quinta-feira, pouco mais de 12 horas após a sua tomada pela Unidade de Intervenção Rápida (UIR) da Polícia da República de Moçambique (PRM).
Portas arrombadas, compartimentos vandalizados, e uma série de documentos e utensílios espalhados pelo chão, é o que se pode contemplar, incluindo no gabinete da Secretária-Geral da Resistencia Nacional Moçambicana (RENAMO), Clementina Bomba.
Em termos de danos humanos há a confirmar três feridos entre os antigos guerrilheiros que há sensivelmente duas semanas haviam tomado, sem violência, a sede nacional da RENAMO e horas antes do assalta da UIR o gabinete do presidente Ossufo Momade: um perdeu o olho, outro ferido na anca e o terceiro num dos membros inferiores, de acordo com um dos informantes do jornal Redactor.
Uma desmobilizada, ainda sob custódia das autoridades, mas que conseguiu passar a informação para fora das celas, se queixa de dores na coluna, alegadamente por ter sofrido na sequência da sua retirada violenta do interior de um tanque de água, onde se tinha escondido, de acordo com outro informante que pede “a quem de direito” para diligenciar para a soltura de todos os recolhidos.
“Não cometeram nenhum crime, simplesmente estavam a sede do partido a reclamar um encontro com o presidente Ossufo Momade”, repetia, para o nosso jornal.
“Partiram quase tudo. Aquilo até dá susto. Destruíram a sede. Até foto do [falecido] presidente [Afonso] Dhlakama de qualquer maneira no chão. Quando eles [agentes da UIR] entraram aqui na sede nos violentara sem piedade, rasgaram os nossos pertences, incluindo bolsas e carteiras, alegando estarem a procurar armas”, denunciou outro ex-guerrilheiro, que no meio da confusão conseguiu se escapulir.
Uma mulher que esteve entre os recolhidos pela UIR no início da tarde desta quarta-feira para a Brigada Montada e solta na manhã desta quinta-feira nega terem sido os desmobilizados a vandalizar a sede da RENAMO.
“Nós não fizemos estragos porque esta é nossa casa. Isto só pode ser trabalho da UIR”, alegou a mulher, visivelmente transtornada, acrescentando que alguns dos agentes que tomaram a sede d RENAMO lhe arrancaram 14 mil meticais que estavam na sua bolsa e que eram para a reforçar as reservas em mantimentos.
Entre os compartimentos vandalizados se inclui o recém-apetrechado gabinete do Conselho Jurisdicional [chefiado pelo deputado Arnaldo Chalaua] e a sala de informática, conforme podemos constatar no local.
A uma pergunta do Redactor a um dos agentes da UIR destacados na sede da RENAMO simplesmente respondeu que “nós apenas cumprimos ordens. A coisa pode nos doer até partir o coração, mas temos que cumprir ordens, quando elas são dadas pelos nossos superiores hierárquicos”, suplicando para não ser identificado.
Um outro ex-guerrilheiro que escapou da “recolha” da UIR na quarta-feira contou ao Redactor que em nenhum momento o seu grupo teve intenção de fazer estragos na sede do partido RENAMO.
“Queremos o [presidente] Ossufo [Momade] É o que dissemos a o chefe Chiburi [responsável pelos acessos à sede nacional da RENAMO] e pedimos a ele para fechar todos os gabinetes e deixar apenas a casa de banho. Dormíamos nas escadarias, nos corredores, na sala principal aqui no Rés-do-chão e outros, a maioria, lá no quintal”, contou outro desmobilizado.
Alguém terá de responder por isto

“Alguém terá de responder por isto, mais cedo ou mais tarde. Isto é um vexame” [convite/permissão da intervenção da UIR na sede do partido RENAMO, reclamou um quadro superior da organização pertence à componente civil e que trabalha na sede nacional do antigo movimento rebelde armado.
A Liga Juvenil da RENAMO concedeu uma conferência de imprensa na manhã desta quinta-feira em Maputo, para exigir a soltura imediata e incondicional dos desmobilizados retidos ou detidos e a “responsabilização” de que permitiu ou solicitou a intervenção da UIR na sede nacional do partido.
A sede da RENAMO está, presentemente tomada e controlada por agentes da UIR, sem a habitual comparticipação dos elementos da “perdiz” incorporados na PRM, como acontecia antes da intensificação dos desentendimentos entre a liderança do partido e o grosso dos militantes, que exigem a resignação de Ossufo Momade.

Para quem estiver nas imediações da sede nacional da RENAMO facilmente constata o movimento de entradas e saídas de elementos da PRM, uns uniformizados e outros à paisana.
Estatutariamente, Ossufo Momade é quem manda, em última análise, na RENAMO, e assim poderá ser até 2029, ano em que poderá ocorrer um novo congresso, salvo se o actual líder resignar voluntariamente, ficar impossibilitado fisicamente ou ser afastado em reunião magna extraordinária convocada nos termos dos estatutos do partido.
De alguns elementos da RENAMO o jornal Redactor soube da existência de algumas movimentações, discretas, de alguns quadros, para se conseguir a convocação “com muita urgência dos órgãos competentes para se tornar uma atitude. Isto já é insuportável”, desabafou um deles.
Redactor
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Este artigo foi publicado em primeira-mão na versão PDF do jornal Redactor, na sua edição de 30 de Maio de 2025.
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